O destino do Parque Estadual da Serra da Baitaca a Deus pertence mas antes vai ter de passar pelo purgatório dos órgãos públicos. Tem sido assim nos últimos quatro anos, tempo em que a implantação da área ficou na base do bate-e-volta, até dar vertigens. A negociação inclui o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Ibama, entre outros, todos enleados pelas rasteiras da burocracia.
O ex-governador Jaime Lerner estava em fim de mandato quando assinou o decreto 5.765, de 5 de junho de 2002, que criou o Parque Estadual da Serra da Baitaca. O gesto causou impressão, mas virou uma batata-quente. Uma pena. A criação do Contorno Leste um desvio de tráfego da BR-116, passando dentro de uma zona de proteção ambiental exige por lei uma compensação ecológica e sua aplicação é simples. O governo federal, autor do projeto, compra a área e indeniza os proprietários, para que o parque possa ser implantado. Era para ter sido assim, mas o fácil ficou impossível.
Segundo o Dnit, o valor estimado, na época, era de R$ 2 milhões uma cifra insuficiente, que teria de ser compensada sabe-se-lá-como. Há quatro anos, de acordo com a assessoria do órgão federal no Paraná, este dinheiro aparece no orçamento, mas nunca é repassado. Motivo: o departamento pode comprar áreas para fazer estradas, mas não para fins de desapropriação. Daí a insistência em passar a verba e a incumbência para o IAP. Um termo de comprometimento entre Dnit, IAP e Ibama está para sair e encerrar esse capítulo. Já deixou estrago para trás.
Um dos danos foi ter dado brecha para que os proprietários cujo número é desconhecido contestem na Justiça o valor oferecido, dando início a uma batalha judicial que pode levar décadas.
No IAP, o ponto de vista é menos catastrófico. "O parque sai ainda este ano", garante o engenheiro agrônomo João Batista Campos, 47 anos, diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do instituto. De acordo com Campos, processos dessa ordem correm em paralelo à implantação e não se invalidam. O valor da indenização está sendo recalculado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) e o decreto não vence como se fosse produto de supermercado. "O interesse por uma área como essa não tem prazo de validade", assegura.
Nos municípios de Piraquara e de Quatro Barras, o chá-de-cadeira gerou efeitos colaterais. Em Piraquara, a história resultou numa ação civil pública contra o Dnit, a União, o governo do estado e Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-PR) que também entrou na roda. O pedido é que a compensação ambiental pelo Contorno Leste seja paga. "A estrada passa na margem da Barragem do Rio Iraí e o Dnit não criou nenhuma área de proteção no entorno. Já pensou se uma carga tóxica tomba por ali?", questiona o advogado Roque Porfírio, que trabalha para ONG Amigos da Água, com sede na região.
Porfírio, contudo, se alinha entre os otimistas. A primeira audiência da ação ocorreu em 7 de março passado. A próxima está marcada para 3 de outubro, quando, acredita, a área do parque e do entorno será delimitada. Será? "Só acredito no dia em que souber de onde virá o dinheiro da indenização. Sem isso, essa conversa fica parecendo a dança da chuva", lamenta Roberto Adamoski, prefeito de Quatro Barras.
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
BC dá “puxão de orelha” no governo Lula e cobra compromisso com ajuste fiscal
Comparada ao grande porrete americano, caneta de Moraes é um graveto seco
Maduro abranda discurso contra os EUA e defende “novo começo” após vitória de Trump
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião