A cabeça dele é uma caldeira

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André Caldeira é a "metade" de um casal famoso em Curitiba. Ele é conhecido tanto como o marido da talentosa chef Daniela Prosdócimo Caldeira, responsável por alguns dos mais estrelados banquetes e festas da cidade, como o executivo que, após passar por grandes empresas, tornou-se blogueiro de sucesso e consultor empresarial. É também – e não menos importante, ressalta – pai "babão" de Lucas, de 11 anos, e de Clara, com 7. Agora está prestes a revelar mais uma faceta, a de escritor.

Depois de amanhã, Caldeira lança seu primeiro livro, Muito trabalho, pouco stress – Conheça Joe Labor e talvez um pouco mais sobre você, na Livrarias Curitiba do ParkShoppingBarigüi. Em tom bem-humorado, a obra tem texto leve, para atingir não apenas empresários e executivos: qualquer pessoa pode ler. Muitos, provavelmente, vão se identificar com algumas situações do workaholic estressado que protagoniza a história.

Muito trabalho, pouco stress... é o primeiro, mas não o último livro de Caldeira, que se diz "picado pelo bichinho de escritor". Já tem ideias para o próximo e pretende também ser publisher de outros autores. Para a obra de estreia, o ex-dentista – durou um ano e meio na profissão até descobrir que tinha mais talento para gestão e comunicação – contou com a colaboração de Lucas para as ilustrações.

O tema tem tudo a ver com a experiência pessoal de Caldeira. Aos 35 anos, ouviu o alerta que o fez repensar. Com a rotina de executivo que levava, disse seu instrutor de ioga, ele era o candidato perfeito a enfartar aos 40. "Tinha um ritmo enlouquecido: trabalhava até 11 da noite, almoçava com clientes, viajava e praticamente só pensava em trabalho. Quando chegava na aula de ioga, eu estava com olheiras e não conseguia praticar direito."

O livro tem paralelos com sua trajetória profissional. Ele virou o jogo e aprendeu a lidar com o estresse. Hoje, sua empresa, a Proposito, presta consultoria para gestores que querem enfrentar o problema em suas organizações. Para isso, desenvolveu uma metodologia que permite diagnosticar e medir o nível de estresse do indivíduo.

Em suas palestras, Caldeira leva as empresas a abrir os olhos para uma realidade inescapável: o estresse faz as corporações perderem dinheiro. E não é pouco. No Brasil, as perdas chegam a 3,5% do PIB – cerca de R$ 170 milhões – por ano, informa. Entram nessa conta os custos de afastamento por doença ou para tratamentos médicos, queda de produtividade, aumento do turn-over, passivos trabalhistas, treinamentos de novos funcionários e aumento nos custos dos planos de saúde corporativos. "As corporações ainda valorizam o funcionário que chega primeiro, vai embora por último e não se desliga nunca do trabalho. Esse é o cara que cedo ou tarde vai ficar doente, perder produtividade", diz.

O executivo é um exemplo do que aconselha. Embora casado com uma chef de primeira, tem o corpo esguio, resultado de ioga e natação diários. Também pratica meditação toda manhã. Durante a semana, se alimenta de saladas, sucos e grelhados. "Comida da Dani, só sábado e domingo, na chácara." Lucas, que afirma gostar de "um franguinho grelhado", garante que o pai não está mentindo.

Caldeira diz que a sustentabilidade começa nas pessoas. Cuidar dos seres humanos e perceber que temos limites é o início de tudo, ensina. Mas, alto lá. "Não estou falando em largar tudo e abrir pousada na praia. O que temos que buscar é o equilíbrio. Trabalhar bastante, sim. Produzir muito. O negócio é se manter saudável dentro das condições em que vivemos." Recado dado.

Texto: Bia Moraes