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Paraná tem a 3.ª maior taxa de óbitos femininos

Felippe Anibal

Com uma taxa de 6,3 mulheres assassinadas para cada grupo de 100 mil, o Paraná foi apontado pelo Mapa da Violência como o terceiro estado com o maior índice de homicídios femininos. Foram 388 assassinatos de mulheres registrados em 2010, ano de referência do estudo. O índice paranaense supera a média nacional, que ficou em 4,4 mortes, e é maior do que a de países como Colômbia (6,2), Belize (4,6) e Cazaquistão (4,3).

O Paraná tem, ainda, cinco municípios com mais de 26 mil habitantes entre os 50 com mais casos de assassinatos de mulheres em relação à própria população feminina. Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, ocupa o segundo lugar no ranking, com 11 vítimas de homicídio e taxa de 24,4. As outras cidades citadas na lista são Araucária (22.º lugar), Fazenda Rio Grande (32.º), Telêmaco Borba (39.º) e União da Vitória (46.º).

Curitiba aparece em 59.º lugar. De acordo com o estudo, a capital paranaense teve taxa de 4,7 (95 homicídios). Apesar de ser superior ao índice nacional, a cidade está em 21.º lugar no ranking das capitais com mais casos de violência contra a mulher.

Estabilidade

Nos últimos 14 anos, o índice nacional de homicídios de mulheres se manteve estável. A menor taxa registrada no período é de 2007, ano em que entrou em vigor a Lei Maria da Penha. Foram 3.772 casos – taxa de 3,9.

A cada duas horas, uma mulher é morta no Brasil. Na maioria dos casos, o assassi­­no é o namorado, marido ou ex-companheiro, que mata dentro de casa, após já ter cometido pelo menos um ato de agressão. Os dados constam do Mapa da Violência de 2012 – Homicídio de Mulheres e mostram que, em uma lista de 87 países, o Brasil é o sétimo que mais mata. Em 2010, foram 4.297 casos ou 4,4 assassinatos por 100 mil habitantes.

Na comparação por faixa populacional, o Espírito Santo é o primeiro do ranking. Com taxa de 9,4 mortes, representa o dobro da média brasileira e o triplo do índice de São Paulo, o penúltimo da lista. O Piauí é o menos violento, de acordo com o estudo elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo, com base nos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

No mapa das capitais, as Regiões Norte e Nordeste são as mais problemáticas. Porto Velho, Rio Branco, Manaus e Boa Vista, por exemplo, têm mais de dez mortes por grupo de 100 mil habitantes. Na contramão, Brasília registra 1,7. Mas, seja qual for a região, as principais vítimas são, normalmente, mulheres de 20 a 29 anos.

A pesquisa é a primeira a registrar estatísticas regionais e, por isso, pode representar um marco na definição de políticas públicas. "Quando o assunto é violência contra a mulher, não existe uma fórmula pronta. Por isso, é importante conhecer as realidades locais, para trabalhar cada particularidade, especialmente as culturais. Muitas toleram uma agressão em 'nome da honra', por exemplo. De toda forma, qualquer que seja o trabalho, ele deve contar com a força policial. Foi assim que o Piauí se destacou", diz Jacobo.

Violência doméstica

Diferentemente do cenário de violência masculina, a agressão contra a mulher dificilmente acontece no bar ou no local de trabalho, mas na re­­sidência, nas ruas ou mesmo na escola. Ainda segundo o estudo, o agressor usa, em 53,9% dos casos, armas de fogo.

A redução dos conflitos domésticos está, segundo o Instituto Patrícia Galvão – especializado em violência contra a mulher –, na construção de uma rede protetora que dê suporte psicológico à vítima. "Não basta abrir mais delegacias especializadas pelo país. A mulher dificilmente faz a denúncia imediatamente. Muitas vezes, ela até se sente culpada ou na obrigação da salvar o casamento. É nessa hora que precisa encontrar uma rede de acolhida para desabafar e receber orientação, antes de procurar a polícia", diz Jacira Melo, diretora executiva da entidade.

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