Cruzamentos
Cidade é 3ª em número de semáforos
Curitiba é a terceira cidade do Brasil em número de cruzamentos com semáforos, segundo a Associação Nacional dos Transportes Públicos. A capital conta com 1.080 equipamentos (de acordo com dados da Urbs, são 1.091), atrás apenas de São Paulo (6 mil) e Rio de Janeiro (2,3 mil). Belo Horizonte, por exemplo, que conta com uma frota maior de veículos, soma 835 semáforos.
Diretora de Trânsito de Curitiba, Guacira Camargo Civolani afirma que a instalação se baseia em critérios como o fluxo de veículos, a segurança do cruzamento e as condições de visibilidade. Normalmente, para comprovar a necessidade, uma rua deve apresentar fluxo superior a 1,2 mil veículos por hora e 500 na via secundária. "Cada vez mais a população pede semáforos. Nós não conseguimos implantar com a velocidade que as pessoas gostariam", diz. "Se for instalado sem critério técnico, porém, o semáforo causa mais insegurança, porque há tendência de o motorista não respeitar", alerta.
Curitiba ganhou pelo menos um novo equipamento de trânsito a cada dois dias desde o início deste ano, com interferências que mudaram a rotina de quem anda e roda pela cidade. Foram implantadas 102 lombadas físicas, 30 faixas elevadas, 22 semáforos em cruzamentos e 15 sinaleiros para pedestres. A capital paranaense teve também seu quarto binário (transformação de vias paralelas de mão dupla em ruas de sentido único) inaugurado neste ano, o Jerônimo Durski/Gastão Câmara, entre Campina do Siqueira e Batel. Em 2011, outros três foram criados: Princesa Isabel/Júlia da Costa, Herculano Franco de Souza/Leôncio Correia e Roberto Barrozo/Teffé.
Para a criação do binário, a Rua Padre Anchieta foi aberta, na altura da Gastão Câmara, para a implantação de um semáforo. Quem vai do Batel em direção ao Barigui, segue direto pela Gastão Câmara. No sentido contrário, a Jerônimo Durski está em mão única até a Gastão Câmara, quando volta a ter dois sentidos.
A política de implantar binários não é nova e já é aplicada na capital há algum tempo. "O binário favorece os movimentos do veículo por ser um sentido único", diz a diretora de Trânsito de Curitiba, Guacira Camargo Civolani. Por isso, existe a intenção de implantar mais trechos semelhantes no município. "É uma solução para o trânsito que deixa a cidade com uma condição mais segura para o pedestre e para o motorista", afirma.
Entretanto, de acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Paraná (AsBEA-PR), Orlando Pinto Ribeiro, a medida é ineficaz a longo prazo. "Em um primeiro momento, melhora o fluxo. Com o passar do tempo, todos são obrigados a seguir pelo mesmo caminho", afirma. Por mais que a intenção seja boa, ele considera que o binário incentiva o transporte individual. "É preciso estabelecer um sistema de transporte coletivo que, de fato, resolva os problemas da cidade", opina.
Conforme Guacira, as obras não são direcionadas apenas aos automóveis. O lado direito das vias costuma ter proibição de estacionamento para favorecer o ônibus. Além disso, tem se investido em calçadas compartilhadas para pedestres e ciclistas. "Na realidade, a grande maioria dos binários está onde passa o transporte coletivo. E eles estão saindo com calçada compartilhada para ciclistas e pedestres", diz. Ciclistas e pedestres, no entanto, não costumam ser favoráveis ao passeio dividido.
Ex-diretor de planejamento da Urbs e ex-presidente da Copel, o engenheiro eletricista João Carlos Cascaes defende a melhoria do planejamento da cidade, com obras estabelecidas a curto, médio e longo prazo. "Curitiba tem bons urbanistas. O binário é só uma repavimentação de ruas, com baixa capacidade", critica. Para ele, falta capacidade financeira aos municípios para se adequar às necessidades. "Não há dinheiro. O município é o primo pobre no Brasil. É preciso batalhar para mudar isso, porque as cidades não têm capacidade de investimento", diz.
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