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Menos dependente do Poder Executivo e mais combativa contra a corrupção. Assim seria a Câmara dos Deputados, segundo o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB), se ele tivesse vencido as eleições para presidência da Casa, em fevereiro. Fruet ficou em terceiro lugar, conquistando 98 votos, mas lançou a Terceira Via, movimento suprapartidário que defende a moralização parlamentar. Para ele, o Congresso precisa lutar para ter uma agenda própria e poder votar as reformas que realmente interessam à população.

Como seria a Câmara hoje se o senhor tivesse sido eleito?

Eu teria trabalhado em cima de três grandes temas: a agenda legislativa, a dependência do Executivo e as reformas pendentes. Em primeiro lugar, a Câmara de hoje está apenas referendando um projeto de poder do governo federal. Banalizou-se o uso das medidas provisórias (MPs). Nesse sentido, eu devolveria ao governo todas as MPs que não tivessem caráter de urgência. Além disso, convocaria sessões extraordinárias para votá-las rapidamente e limpar a pauta para fossem discutidos nossos temas. Depois, reduziria a submissão ao presidente. Durante a campanha eu disse e volto a repetir: ‘eles’ (governo) são a crise. O presidente da Câmara precisa ter uma postura de combate e resistência, brigar pela independência do Legislativo. Por último, colocaria em discussão as grandes reformas pendentes, como a política e a tributária.

Mas a reforma política está sendo votada, não?

Estamos votando um arremedo de reforma. Repare que ela começou a ser discutida somente nas últimas três semanas antes do recesso parlamentar. Antes disso, ficamos preocupados com medidas provisórias, que trancaram nossa pauta. Acabamos não votando a proposta inicial, que não gerou consenso, mas uma proposta híbrida criadas às pressas. E nada mudou.

Por que as crises continuam? O que fazer para evitá-las?

É só analisar a Operação Navalha. Mais de 70% das peças orçamentárias consideradas irregulares partiram de MPs, ou seja, foram ordem do Poder Executivo. Mas a crise se instalou no Congresso. Isso faz parte de um processo de blindagem do presidente. A cada crise, a Câmara perde não apenas credibilidade, como também prerrogativas. Nesse caso, é ainda mais grave, porque as falhas não são nossas e querem suprimir ainda mais a participação dos deputados no orçamento.

De escândalo em escândalo, o Congresso leva a pior. Foi assim no escândalo do mensalão, dos sanguessugas e continua sendo no caso Renan. A população identifica o Congresso sempre como o foco de corrupção. Enquanto isso, a imagem do Lula permanece intocável.

Como está a atuação da Terceira Via?

Há momentos em que existe um ponto de encontro nas discussões e voltamos a atuar em conjunto. Por exemplo, estamos nos unindo para impedir que o Renan presida a Congresso na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Esse movimento é uma idéia boa. Mas nós temos de ter a capacidade de mudar as coisas aqui dentro, não apenas aparecer para a população. O Congresso tem de ser o contraponto do país. Estamos passando por um processo de adesão ao governo que nunca se viu na história do país. Isso é algo realmente perigoso.

(AG)

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