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sustentabilidade

A caminho da escola e de olho no ambiente

Simone Zanardini repassa aos filhos João Mateus e Alice iniciativas ambientais adotadas na escola onde trabalha | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Simone Zanardini repassa aos filhos João Mateus e Alice iniciativas ambientais adotadas na escola onde trabalha (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

Produzir anualmente pastas, cadernos, tintas, canetas, lápis e vários outros materiais escolares para todos os estudantes do país representa uma demanda gigantesca de matéria-prima. O consumo de água, energia e combustíveis no processo de fabricação e distribuição de cada item também não é pouco. Isso, sem levar em conta o destino final de todos esses produtos. Por isso, quem se preocupa em promover a sustentabilidade deve procurar saber quais impactos os produtos adquiridos podem causar ao meio ambiente e assumir uma postura mais consciente na hora da compra.

Uma conta simples sobre a quantidade de água usada para produzir papel serve de exemplo para entender o impacto am­­biental causado pela fabricação do material. Para fazer só uma folha de papel de tamanho A4, são consumidos cerca de 10 litros de água, segundo dados do relatório "Países Ricos, Pobre Água", da organização não-governamental WWF (World Wildlife Foundation).

Papel e água

Uma classe formada por 30 alunos, cuja lista de material pede que cada estudante compre 100 folhas de papel sulfite por ano, consumiria cerca de 3 mil folhas e, portanto, 30 mil litros de água. O volume é equivalente ao de três caminhões pipa. Se considerar que no Brasil tem mais de 7 milhões de alunos matriculados somente no ensino médio, a água consumida para fabricar 100 folhas de sulfite para cada aluno seria suficiente para encher quase 2,7 mil piscinas olímpicas ou para dar de beber a toda a população da China, durante 3 dias.

De acordo com O Livro Verde (ou The Green Book), de Elizabeth Rogers e Thomas M. Kostigen, que traz dicas práticas de reciclagem e reutilização de materiais, o papel é a maior fonte de desperdício nas escolas. Em média, uma escola joga fora 38 toneladas de papel por ano. Cada tonelada de papel reciclado salva 17 árvores. Ainda segundo o livro, a produção do papel reciclado gasta 44% menos energia, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em 37% e produzindo 48% menos resíduos sólidos.

Produtos reciclados

"Produtos feitos com material reciclado em sua confecção são, quase sempre, opções mais sustentáveis porque diminuem o custo ambiental de sua fabricação ao reutilizar material que, de outra forma, viraria lixo", co­­menta o engenheiro civil que coordena o programa Ecohabi­tare Sistemas Sustentáveis, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Fernando Arns. Encontrar esse tipo de material pode ser mais difícil e talvez os produtos sejam mais caros, mas, na opinião de Arns, eles também evitam que mais matéria-prima tenha de ser retirada da natureza. Uma solução é garimpar na internet réguas fabricadas com caixas longa vida, canetas feitas de embalagens recicladas ou ainda mochilas feitas de lonas, por exemplo.

Para evitar a correria de última hora, o engenheiro sugere ainda que os pais negociem com as escolas para que a lista de materiais seja repassada com antecedência. Uma dica do Instituto Akatu de Consumo Consciente é para que os pais avaliem a relação e vejam se não é possível reaproveitar algum material do ano anterior. Medi­­das simples como essa po­­dem evitar não só o desperdício de recursos naturais como o de dinheiro também.

Colégio deve incentivar consciência ecológica

Os irmãos João Mateus e Alice, de 8 e 9 anos, seguem os conselhos da mãe Simone Zanardini e reaproveitam o que podem dos materiais escolares do ano anterior. Simone é professora da Escola da Colina, instituição particular de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, que ganhou no ano passado a Bandeira Verde concedida pela organização internacional Fundação para a Educação Ambiental (Foundation for Environmental Education – FEE), através do programa Eco-Escolas.

"Cada sala conta com uma latinha cheia de lápis de cor e se alguém não tem um lápis de determinada cor pode pegar ali", explica Simone, que tem o filho matriculado na escola. Além de indicar o reaproveitamento de material do ano anterior, a lista sugerida pelo colégio inclui produtos recicláveis, como papel sulfite reciclável e lápis de cor feito de madeira reflorestada. "Também orientamos os alunos a usar os dois lados da folha de caderno, mesmo o de desenho", conta Simone.

Apesar de Alice não estudar no mesmo colégio, a filha acabou incorporando a consciência ambiental do irmão e da mãe. "Ela estuda em escola pública, mas não tive problemas de levá-la comigo às compras", comenta.

Exemplo

Para o engenheiro civil que coordena o programa Ecohabitare Siste­mas Sustentáveis, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Fernando Arns, a raiz da educação ambiental está na escola. "A escola precisa ser parceira dos pais. O momento da educação ambiental exige um diálogo e não pode ser uma questão tratada isoladamente. A escola precisa estimular o pai e dar o exemplo", afirma.

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Interatividade

Que critérios você usa para escolher o material escolar de seu filho? Já pensou em comprar produtos ecologicamente corretos?

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