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CROWDFUNDING

A cara da coletividade

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Com menos de cinco anos no país, o crowdfunding, ou financiamento coletivo, começa a ganhar cara própria. A pesquisa Retrato do Financiamento Coletivo no Brasil 2013/2014, feita pela comunidade Catarse, em parceria com a empresa de pesquisa Chorus, entrevistou 3.336 pessoas e traçou o cenário e o as características de quem viabiliza os projetos na rede.

O levantamento mostra que o perfil básico dos financiadores virtuais é de homens entre 25 e 30 anos, residentes na Região Sudeste, com alto grau de escolaridade e de renda. A maioria colaborou mais de uma vez, e valoriza empresas que apoiam projetos de financiamento coletivo. Além disso, rejeita a participação do governo. Para Felipe Caruso, coordenador do Catarse, reforça a ideia de que o mercado funciona da sociedade civil para a sociedade civil, com mais agilidade e menos burocracia.

No fim de abril, a Catarse chegou a mil projetos financiados, que juntos arrecadaram R$ 13,78 milhões em pouco mais de três anos. Isso representa 56% do total das iniciativas (nem todas conseguem o valor total almejado) e 88% da verba arrecadada entre 123 mil apoiadores. O Paraná, junto com Santa Catarina, é o quinto estado em número de projetos bem sucedidos (6%). Das 58 iniciativas abraçadas pelo público no estado, 56 são de Curitiba.

Arte

Mais da metade dos projetos que deram certo são sobre música, cinema e vídeo ou teatro. Um deles foi a produção e distribuição do DVD do filme de ficção científica Nervo Craniano Zero, da companhia curitibana Vigor Mortis. O filme independente foi feito com uma verba de R$ 180 mil por meio de um edital da Fundação Cultural de Curitiba, e teve diversas exibições em festivais pelo mundo. Entretanto, não conseguiu patrocínio para divulgação e distribuição. O longa arrecadou R$ 18.770,00 em 60 dias com o apoio de 302 colaboradores, no fim do ano passado. "A divulgação diária é fundamental. Não adianta deixar lá esperando que as pessoas descubram sozinhas", diz Paulo Biscaia, diretor do filme.

Outros exemplos

Um outro bom exemplo de financiamento via crowdfunding é o 3º Fórum Mundial da Bicicleta, realizado em Curitiba em fevereiro deste ano. O evento só foi possível graças ao apoio de 513 colaboradores que doaram R$ 38.560 em 40 dias, um pouco a mais que os R$ 35 mil estipulados como meta. "Tínhamos muitas pessoas envolvidas e o tema também tem apelo, mas a recompensa foi decisiva", afirma Vinicius Brand, um dos organizadores do fórum. Pelo menos 100 pessoas colaboraram no dia em que uma bicicleta foi sorteada nas redes sociais, diferentemente das recompensas comumente oferecidas, como camisetas, adesivos e bottons.

Interesse

A pesquisa também apontou as motivações e os tipos de projeto que têm maior interesse. A educação liderou tanto em interesse quanto na falta de projetos. "Releva a visão que é uma área pouco explorada, que as políticas públicas e privadas não estão dando conta da demanda", diz Caruso. Depois da publicação do estudo neste ano, os projetos sobre o tema dobraram.

Na área socioambiental, outra das áreas que mais desperta o interesse, existem exemplos de sucesso, como o Bicharia, a primeira plataforma brasileira focada em auxiliar no financiamento de projetos que envolvam animais carentes. "Promovemos de 9 a 12 projetos por mês", conta Flávio Steffens de Castro, fundador do Bicharia, que em dois anos já teve mais de 100 projetos que arrecadaram cerca de R$ 320 mil. Diferentemente da maioria das plataformas, que funcionam no "tudo ou nada", quando ou se atinge a meta ou o dinheiro é devolvido ao doador, o Bicharia tem como meta mínima 50% do valor.

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