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Memória

A cidade que recebeu a corte

Paço Imperial foi inaugurado em 1743 como sede do governo das capitanias do Rio de Janeiro e Minas Gerais | Carlo Wrede/Agencia O Dia
Paço Imperial foi inaugurado em 1743 como sede do governo das capitanias do Rio de Janeiro e Minas Gerais (Foto: Carlo Wrede/Agencia O Dia)
Arco do Telles: construído no século 18, fazia a ligação da Praça do Carmo com a Rua da Cruz, atual Rua do Ouvidor |

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Arco do Telles: construído no século 18, fazia a ligação da Praça do Carmo com a Rua da Cruz, atual Rua do Ouvidor

Construída em 1761, a Igreja do Carmo foi elevada à condição de Catedral com a chegada da família real |

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Construída em 1761, a Igreja do Carmo foi elevada à condição de Catedral com a chegada da família real

Com um séquito de nobres e fidalgos, no dia 8 de março de 1808, desembarcava no Largo do Paço, hoje Praça Quinze, a família real portuguesa. Se há controvérsias sobre o número de acompanhantes do então príncipe regente dom João (há historiadores que falam em 15 mil, outros contabilizam cerca de 500), não existem dúvidas de que foi pelos degraus do belo Chafariz do Mestre Valentim que eles alcançaram pela primeira vez o chão da cidade. Passados 205 anos da chegada da Coroa, aquele pedaço do Centro ainda guarda prédios, monumentos e histórias que remontam aos tempos em que o Rio se tornou capital da colônia portuguesa. A lista de pontos nobres inclui, além do imponente chafariz, o Paço Imperial, o que restou do Convento do Carmo (ou dos Carmelitas), o Arco do Telles e as igrejas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, e de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé. Todos tombados pelo Iphan.

Inaugurado em 1789, o Chafariz do Mestre Valentim foi construído a pedido do vice-rei Luís de Vasconcelos e, ao longo de três séculos, sobreviveu às transformações ocorridas na região. A arquiteta Vera Dias afirma que o monumento resistiu a assoreamentos e aterros sendo, na década de 80 (do século 20), "redescoberto" depois que um trabalho arqueológico revelou os degraus escondidos por anos.

"Há um quadro de Debret em que a família real aparece desembarcando. Aqueles degraus foram o primeiro contato com a cidade. Contam que eles foram andando até a Igreja Nossa Senhora do Rosário para agradecer a viagem bem-sucedida", diz Vera Dias, gerente de Monumentos e Chafarizes da prefeitura.

Justamente um dos primeiros prédios avistados pelos representantes da Coroa, o palácio dos vice-reis, erguido em 1743, foi requisitado para alojar dom João. Obras de adaptação foram feitas para acomodar a realeza. Com a elevação da colônia à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, o local virou sede dos governos do Reinado e do Império. Depois da Proclamação da República, no Paço Imperial foram instalados os Correios e Telégrafos. Na década de 80, após restauração, o prédio em estilo colonial virou um centro de exposições e eventos. Hoje, conta com biblioteca, livraria e restaurante.

Assim como ocupou o Paço, a família real tomou posse da Cadeia (onde foi erguida depois a Alerj) e do Convento dos Carmelitas (no prédio, do qual só restou a parte da frente, atualmente funcionam salas da Universidade Cândido Mendes).

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