A Gazeta do Povo propôs a seis moradores da cidade uma “viagem pela Curitiba desconhecida”. Não se trata de retórica ou poesia. Urbanistas, gestores urbanos, cientistas sociais e quem mais se interesse por agrupamentos humanos grandes e médios observam um fenômeno tão curioso quanto nocivo à saúde das metrópoles: seus habitantes tendem a circular em espaços restritos, aqueles que lhe dizem respeito. Formam seus próprios mapas – reduzidos e repetitivos, não raro preferindo as novas muralhas, como shoppings e condomínios fechados.
O resultado do uso das cidades no diminutivo é instantâneo – surgem zonas mortas, degradadas e violentas. Em vez de habitar um lugar, habita-se apenas parte dele. Não só. O “morador da pólis”, como se dizia, perde contato com o que há de melhor na cidade: gente que veio de longe, culturas variadas, invenções criativas, sabores diferentes de picolé. É um contrassenso: não há nada mais antiurbano do que morar numa capital – Curitiba, por exemplo – e não circular por ela.
Interbairros
O sexteto convidado para essa experiência “interbairros” concorda com essa máxima. Topou sair da bolha. Escolheu, numa lista de dez roteiros inesperados, aquele que gostaria de fazer. Fazem parte do tour a Vila Nossa Senhora da Luz, primeira Cohab do Paraná, terceira do Brasil, e prestes a completar 50 anos. E uma das ruas mais bonitas e menos festejadas dessas divisas – a Theodoro Makiolka, no Santa Cândida.
Ao todo, os seis roteiros consumiram 24 horas de trânsito e o trabalho de 19 profissionais, entre editores, repórteres, designers, videomakers, infografistas, motoristas, além de moradores dos bairros escolhidos. Eles foram mestres-de-cerimônia para os recém-chegados. Uma pequena parte da maratona está aqui. A outra fica por conta de quem topar desbravar os destinos que ficam a poucos quilômetros de onde moramos. Eis a intenção.
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Líderes da Vila Formosa apresentam antiga área operária ao advogado Renato de Almeida Freitas Júnior.
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Renato atravessa ponte improvisada sobre o Rio Formosa: bolsão é o maior da cidade, embora nem sempre identificável.
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Renato experimenta dificuldade diária dos moradores - chegar ao outro lado é sempre um perigo.
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Um dos becos da Vila Formosa: local conjuga charme passadista com arquitetura sombria das ocupações.
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O cabeleireiro Kaju num dos trechos da linha do trem no Santa Cândida - morador do Pilarzinho, visitante encontra bairro desconhecido.
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Paisagem rural em pleno entorno da extensa Rua Theodoro Mikaolka: marcas da imigração resistem à febre dos condomínios fechados.
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Adair, o Kaju, no interior da Paróquia Santa Cândida - templo oferece vista esplêndida da cidade.
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Com cinco quilômetros, uma das maiores da cidade, Theodoro Mikaolka é passeio saudosista por uma Curitiba ainda verde.
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A cientista social Cida Demarchi vê a vila do alto do Farol do Saber Frei Miguel Botaccin: 2,1 mil casas e 13 praças.
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No Farol do Saber: “Fiquei impressionada com a qualidade do local. Pensei que ia encontrar um a biblioteca fechada.”
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Cida Demarchi com Esther e Beatriz Domingues, moradoras da Praça 7: casa quase original e camélia próxima de comemorar 50 anos.
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Cida Demarchi posa no ponto de ônibus com “trencadis” na Praça 7: urbanização da vila instiga urbanistas há cinco décadas
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O historiador Ulisses Iarochinski fala da imigração polonesa no Paraná para a pesquisadora Vera Vianna Baptista.
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Vera e Ulisses no interior da Igreja de Santo Antônio de Orleans: “Esse lugar é cercado de afeto”, elogia a viajante.
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Vera e Ulisses em tour pelo “cemitério polonês”: fotos e inscrições tumulares são um atrativo para os dois pesquisadores.
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Luiz Carlos Passos e a enfermeira Palmira de Oliveira, nas rebarbas do Sítio Cercado: Museu da Periferia funciona nos fundos de uma associação.
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Palmira mostra ao guia de turismo Luiz Carlos Passos como eram construídos os barracos da ocupação, em 1991.
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Luiz Carlos Passos no centro nervoso do Sítio Cercado, a esquina das ruas Izaac Ferreira da Cruz e Tijucas do Sul.
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Luiz Carlos Passos em meio ao movimento da “Izaak”. Vendedoras o desafiaram a dizer algo que não encontrou à venda na via. “Tem de tudo”, garantem.
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Atravessando a “Izaak”. Com mais de 100 mil habitantes, Sítio se confunde com o Bairro Novo, um projeto bem-sucedido de ocupação das periferias.
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Os historiadores Marcos Zanon e Elizabeth Amorim no casario antigo do tradicional bairro do Umbará.
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Elizabeth Amorim de Castro na frente da Matriz de São Pedro, no Umbará. Templo é marco da arquitetura italiana da capital.
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Elizabeth no casario - arquiteta e historiadora pesquisa colégios e albergues antigos: um novo conjunto em seu repertório.
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No interior da Matriz de São Pedro, no Umbará.
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Passeio no Lago Azul: local é ponto de encontro de todas as tribos que habitam o território do Umbará.
