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Saúde

A dieta mediterrânea brasileira

Entre as mudanças da dieta brasileira está a substituição do salmão pela pescada | Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
Entre as mudanças da dieta brasileira está a substituição do salmão pela pescada (Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo)

A ideia é simples: substituir os alimentos da dieta mediterrânea por ingredientes brasileiros, mais baratos, respeitando as características regionais do país. Foi assim que nasceu a dieta cardioprotetora brasileira, em um projeto do Hospital do Coração (HCor) em parceria com o Ministério da Saúde.

Os resultados, publicados em dezembro na revista científica Clinics, são otimistas: mostraram que os pacientes que receberam a dieta adaptada conseguiram perder peso e reduzir os índices de pressão arterial, a glicemia, os triglicérides e o índice de massa corporal (IMC).

Pacientes do estudo que receberam a dieta mediterrânea também melhoraram os índices, mas de maneira menos intensa. Agora, a pesquisa será ampliada e realizada em 40 hospitais do Brasil, exclusivamente com pacientes do SUS.

A dieta mediterrânea é reconhecida por seu efeito protetor ao coração. Ela é composta por alimentos típicos de países banhados pelo Mar Mediterrâneo e baseada no alto consumo de peixes, frutas, legumes, cereais e azeite. Também estimula o consumo moderado de vinho.

Para todas as classes

Como parte desses alimentos é importada e cara para a população em geral, a proposta do ministério ao HCor foi a de criar um cardápio que conseguisse adequar a dieta mediterrânea aos hábitos alimentares brasileiros, especialmente às pessoas das classes C e D, e testar se essa adaptação promoveria o mesmo efeito cardioprotetor.

"Essa é uma dieta direcionada para um público mais vulnerável, por isso precisava de uma abordagem especial. A gente espera aumentar a adesão por ser financeiramente mais acessível, já que valoriza alimentos regionais", diz Eduardo Fernandes Nilson, coordenador-substituto de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.

A equipe de nutricionistas do HCor adaptou mais de cem receitas à realidade brasileira: salmão e atum foram trocados por pescada e sardinha; azeite extravirgem por óleo de soja; nozes por castanhas do Pará; queijo branco no lugar do amarelo; e leite desnatado em vez de integral.

"Temos grande diversidade de legumes, verduras, frutas e peixes. Selecionamos esses alimentos, disponíveis no Brasil inteiro, e adequamos para uma dieta", afirma Maria Beatriz Ross, nutricionista do HCor.

AdesãoBandeira do Brasil é usada como referência na montagem dos pratos

O cardápio adaptado contempla todos os tipos de alimentos. O diferencial é que eles foram divididos em três cores, de acordo com a bandeira brasileira: verde (frutas, verduras, legumes e desnatados), amarelo (pães, massas, arroz e batata) e azul (carnes, peixes e aves). A ideia é pensar na bandeira brasileira na hora de montar o prato, respeitando a proporção das cores.

"Alimentos do grupo verde devem ser consumidos em maior quantidade, os amarelos de forma moderada e os do grupo azul em menor quantidade. Usamos a bandeira como referência para facilitar o entendimento e a adesão dos pacientes", diz Beatriz.

Após três meses de dieta com a participação de 120 pacientes, Beatriz conta que os resultados da fase-piloto são animadores porque mostram redução dos fatores de risco em todos os pacientes do grupo que recebeu a nova dieta. "O número de pessoas com sobrepeso e obesidade no grupo que teve a intervenção da dieta adaptada caiu."

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