Há mais de um ano, a curitibana Fernanda Amaro, 26 anos, não consegue abrir a boca mais do que cinco milímetros. Ela sofre de um tipo de degeneração na mandíbula, chamado anquilose bilateral de ATM. Sente dores o tempo todo e só pode ingerir alimentos líquidos ou pastosos. Para resolver o problema, precisaria passar por uma cirurgia para receber uma prótese que custa cerca de R$ 300 mil. O plano de saúde Clinipam, contratado pela família, ainda não cobriu a despesa. A empresa foi multada em R$ 64 mil pela Agência Nacional de Saúde (ANS) na segunda-feira por deixar de garantir a cobertura obrigatória.
A família de Fernanda trava uma batalha judicial para que a Clinipam arque com os custos da cirurgia. Fernando Amaro conta que a filha já havia passado por todos os tipos de tratamento que não surtiram efeito quando fez o pedido de cirurgia, em dezembro de 2012. A Clinipam afirma que vai recorrer da multa da ANS e diz que não se nega a fazer a cirurgia, mas acredita que não seria o tratamento mais indicado.
Depois de uma série de recursos dos dois lados, a Justiça ordenou que um perito analisasse o caso de Fernanda. O parecer indica que ela deveria receber uma prótese importada feita sob medida.
A família rejeita outros tratamentos porque diz que Fernanda está "definhando". "Enquanto isso a minha filha está aqui, sem poder comer nem falar direito. Ela está deprimida, já emagreceu um monte. E tem a questão financeira ainda, porque estou sem trabalho agora e nós gastamos R$ 400 por mês em remédios para a Fernanda", diz o pai. O caso veio à tona em uma reportagem da RPC TV da semana passada.
A jovem foi afastada do trabalho e recebia pensão até setembro do INSS. O benefício foi cortado, de acordo com a família, porque o INSS entendeu que ela poderia voltar ao trabalho, já que não passou pela cirurgia.
No Facebook, Fernanda conta suas frustrações. "Mais um dia se passou esperando as notícias que não chegam nunca... Tudo que eu queria era acordar amanhã e saber que vou conseguir as próteses, que a cirurgia será marcada, que vou receber meu auxílio-doença, que eu vou poder ter a minha vida e minha saúde novamente", escreveu, no fim de março. Ela organizou, na rede social, um esquema de rifa solidária, em que vende cada bilhete por R$ 2 para ajudar a custear os gastos com remédios.