Novecentas e quarenta e três pessoas ganharam liberdade definitiva em 24 penitenciárias do Paraná de janeiro a novembro de 2008. Elas estão de volta à sociedade e precisam de uma "segunda chance" tema da campanha que está sendo lançada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Uma pesquisa realizada com 92 ex-presidiários do Paraná mostra que, para isso ocorrer, é preciso vencer o preconceito, a falta de vontade, a vergonha, a discriminação, os antecedentes criminais e as limitações impostas com a liberdade condicional.
As informações estão no estudo da psicóloga do trabalho Jane Cherem, que há quatro anos se dedica ao assunto. Ela passou dois meses na sede do Patronato Penitenciário de Curitiba, onde os detentos que estão cumprindo pena em liberdade condicional ou em regime aberto são obrigados a se apresentar e contar o que estão fazendo de suas vidas. O trabalho foi realizado nos meses de setembro e outubro do ano passado.
A pesquisa mostra como é grande o desafio do projeto "Começar de Novo", ancorado pelo CNJ e STF. Uma campanha de utilidade pública vai tentar sensibilizar a população para a necessidade de retorno à sociedade dos presos libertados após o cumprimento de penas, buscando o apoio da família, dos amigos e de empresários.
Na prática, a maioria dos ex-detentos consegue voltar a trabalhar, mas não no mercado formal. "Dos 92 entrevistados, 83,6% trabalhavam antes de serem detidos. Já as pessoas que voltaram a trabalhar representam 82,6%, sendo a maioria autônoma, com negócio próprio ou trabalhando para a família", diz o estudo.
Juca (nome fictício), 39 anos, pedreiro, está nessa situação. Condenado a seis anos e cinco meses de reclusão por assalto praticado em Paranaguá, ele cumpriu parte da pena na delegacia, numa penitenciária e na Colônia Penal Agrícola. Agora, em liberdade condicional, Juca é obrigado a trabalhar na roça para ganhar R$ 35 por dia. "Eu faço isso para sobreviver. Já tentei arrumar emprego, mas os meus antecedentes e o meu currículo não ajudam", diz. Ele contou isso para a reportagem da Gazeta do Povo na última vez em que esteve no Patronato Penitenciário de Curitiba.
Caminho de volta
Para tentar reverter a situação, o Departamento Penitenciário Estadual (Depen) oferece cursos de alfabetização, ensino fundamental, médio e profissionalizante para os presos de 19 penitenciárias do estado. E para qualificar o presidiário, o Depen tem convênios, um deles com o Senai no qual são oferecidos 38 cursos, como na área automotiva.
"Se fizer uma pesquisa dentro da penitenciária, os detentos vão dizer que a escola e os cursos são as melhores coisas na vida deles. Eles se comportam bem, são muito interessados e se dedicam muito. Têm uma relação positiva com os professores", diz Sônia Virmond, diretora da Escola Penitenciária.
Já o Patronato Penitenciário oferece cursos gratuitos de informática, digitação, web designer e inglês em parceria com a escola profissionalizante da Federação Espírita do Paraná, entre outros treinamentos, quando o preso cumpre o final da pena em liberdade.
Serviço
O governo estadual mantém os patronatos penitenciários de Londrina e Curitiba e o programa pró-egresso em cidades polo do interior para preparar a volta do ex-presidiário ao mercado de trabalho. Mais informações para oferecer vagas para ex-detentos podem ser obtidas pelo telefone (41) 3232-6489.
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Interatividade
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