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A antiga rodoviária interestadual de Maringá, no Centro da cidade, está decadente, tornou-se ponto de prostituição e os comerciantes da região pedem mais segurança. Além disso, o prédio precisa de uma reforma urgente. Jurandir Guatassara Boeira, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), informa que um estudo, iniciado em fevereiro, levanta qual a melhor forma de viabilizar mudanças funcionais no terminal. No passado, chegou-se a especular a construção de um shopping no local, desativando o transporte de passageiros. Segundo Boeira, até o final de março a população maringaense deve conhecer o resultado da pesquisa, sob responsabilidade da empresa paulistana Botti e Rubin, que presta serviços na área de arquitetura.

Por enquanto, os 55 estabelecimentos instalados na antiga rodoviária continuam funcionando e a estrutura permanece sendo utilizada como terminal intermunicipal. O comércio, sortido, vai de salão de beleza a livraria. "É um lugar de muito movimento e a situação da área não é condizente com o centro de uma cidade. O projeto de revitalização abrange também a Praça Raposo Tavares, que fica em frente à antiga estação rodoviária. O objetivo é transformar a região, atendendo às necessidades da população e dos lojistas", diz.

Para o professor e o historiador do Patrimônio Histórico de Maringá, João Laércio Lopes, o prédio deve ser revitalizado sim, desde que se respeite a estrutura arquitetônica original. "Toldos metálicos foram colocados, na década de 80, ao redor do prédio, provocando uma distorção na arquitetura. Essas interferências deveriam ser retiradas", sugere Lopes, lembrando que a antiga rodoviária tem importância paisagística e social. Para ele, falta apelo da população para que medidas sejam tomadas com maior rapidez.

Lourdes Jesus, lojista da rodoviária há sete anos, sugere que a reforma do prédio seja feita o mais rápido possível. Ela aponta para o teto, mostrando que faltam ventiladores, e para o chão, dizendo que está imundo. "Isso aqui está parecendo a casa da mãe Joana", comenta. A vendedora de sorvetes Landir Fernandes trabalha no local há um ano e concorda com Lourdes: "Aqui tem muito roubo de pequenas coisas. É preciso mais segurança e o prédio está muito derrubado. É preciso mudar o visual." Dayse Pepibele mora em Marialva, vem sempre a Maringá para fazer cursos e usa o terminal, que agora é metropolitano. Ela pede mudanças no local. "Isso aqui está muito feio".

De acordo com o sargento Leôncio, da Polícia Militar, a ronda na antiga rodoviária tem sido feita dentro das possibilidades da corporação. "Os lojistas pedem mais segurança, mas não é possível atender a todas as reivindicações. Eles querem dois policiais de plantão, mas não é possível porque temos de cuidar de toda a cidade", explica. A reportagem procurou, diversas vezes, sem sucesso, o síndico do prédio, Ricardo Fernando Augusto Vieira, mas não conseguiu encontrá-lo.

Lembranças

Dados do Patrimônio Histórico de Maringá indicam que a estação rodoviária, localizada na Avenida Joubert Carvalho, foi o terceiro terminal construído na cidade. Até 1998, funcionou como local para embarque e desembarque de passageiros, com destino a cidades mais distantes. "A rodoviária dava a primeira impressão da cidade, um cartão-postal do município. A forma arquitetônica, com um grande arco, chamava atenção. Hoje, ficou difícil visualizar esse detalhe por causa do toldo de metal que colocaram em volta, com a intenção de proteger os passageiros da chuva", comenta o historiador João Laércio, do Patrimônio Histórico.

A antiga "estação", para muitos, é uma fonte de lembranças. A pioneira Yoshiko Ueta veio de São Paulo para Maringá no início da década de 50 e não esquece o impacto que a construção provocou. "Quando chegamos aqui, a cidade parecia um sítio. A obra da rodoviária virou uma atração. A gente passava por lá para ver o movimento de gente", comenta, sobre uma Maringá que não existe mais. Yoshiko conta que não visita mais o terminal, porque o endereço não lhe parece seguro.

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