Apesar de o ditado popular afirmar que é dos carecas que elas gostam mais, muitos homens e mulheres buscam alternativas para fazer a cabeleira crescer. Pensando neles, um grupo de amigos de São Paulo resolveu criar um site na internet o www.clubedoscarecas.com.br.
A idéia foi do corretor de imóveis Nelson Corban e de dois colegas, que, durante toda a juventude, sofreram com a calvície. Eles decidiram usar a internet para divulgar informações sobre tratamentos. "Hoje, o nosso site se transformou em um portal. Os internautas tiram dúvidas, informam-se sobre novidades. Mas também há piadas, charges e crônicas", diz. O site tem quase 8 mil associados no país inteiro.
Corban conta que o grupo passou por várias situações embaraçosas, mas hoje faz piada do assunto. "Tenho um amigo que só saía de boné. Uma vez ele foi a um bar com uma garota e teve de tirar o acessório. Cinco minutos depois a menina disse que iria ao banheiro e não voltou mais. Estamos esperando até hoje", brinca. Ele diz que alguns amigos já tentaram várias receitas caseiras, mas nenhuma funcionou. "Dos três fundadores do site, apenas um faz tratamento médico. Eu e o outro colega optamos pela careca."
O cabeleireiro Ivaldo de Lima já seguiu todas as dicas que os conhecidos e desconhecidos davam para tratar a calvície. "Fui da babosa ao implante", brinca. Nada adiantou, nem os remédios. O problema começou a aparecer perto dos 20 anos. "Foi chocante, pois já estava nesta profissão e achava uma incoerência cuidar do cabelo dos outros sem ter o meu." A última tentativa foi o implante. Sem atingir o resultado esperado, ele resolveu assumir a careca de vez e raspou os derradeiros fios. Hoje faz parte de sua rotina diária fazer barba, cabelo e bigode. Literalmente, pois o cabeleireiro raspa a cabeça todos os dias. "Um político me disse: Pô cara, toda semana minha esposa vem aqui, eu te deixo um cheque gordo e você nem cabelo tem", brinca.
O aposentado Arthur Miranda começou a perder o cabelo ainda na juventude. E como era o único calvo do pedaço, sua casa era conhecida como a "casa do careca". "O pessoal dizia é lá perto da casa do careca", conta. Leleco, como também é conhecido, afirma que antigamente havia mais discriminação. Ele também tentou tudo para conter a queda, mas resolveu assumir os poucos fios. "E para quem tira sarro, eu respondo: para uns, Deus deu cabelo, para outros, inteligência".
Ex-cabeludo
O educador Cléber Cordeiro leva a calvície na brincadeira. Ele trabalha em uma ONG que atende 80 meninos. E a garotada faz piada de sua falta de cabelos. Com bom humor, Cordeiro lista alguns de seus principais apelidos: aeroporto de mosquito, capacete espacial, coquinho e Didi Mocó. "Os meninos acham mais graça ainda quando conto que, na idade deles, tinha os cabelos na altura do ombro", diz.
Para quem ainda acredita que existe solução mágica para o problema, o médico Valcenir Bedin, presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo, afirma que são poucos os tratamentos que realmente funcionam. "Há os de via oral, como a finasterida, e os tópicos, como o minoxidil. E também o transplante. Fora isso, não é recomendável". Bedin explica que a calvície é ocasionada por fatores genéticos. Contudo, alguns fatores podem acelerar o processo, como o cigarro e o estresse. O médico conta que alguns de seus pacientes já tomaram medidas hilárias para tentar impedir a queda dos cabelo, como plantar bananeira 10 minutos por dia para levar o sangue para a raiz na esperança de que nasçam alguns fios ou usar dois desentupidores de pia na cabeça durante o banho para estimular a circulação. "Tudo folclore", diz o médico.