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Comportamento

A força mobilizadora da rede

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Confira alguns dados sobre a atividade dos brasileiros nas redes sociais |

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Confira alguns dados sobre a atividade dos brasileiros nas redes sociais

A manifestação pública de maior repercussão no país nos últimos tempos não foi nenhuma passeata organizada por uma entidade estudantil ou protesto de central sindical. O ?churrascão da gente diferenciada? ? uma mobilização contra a mudança de uma estação de metrô em São Paulo, supostamente motivada por pressão de moradores preocupados com o movimento de pessoas de fora do bairro ? apareceu em uma rede social e rapidamente ganhou milhares de adeptos. O crescimento do protesto virtual foi tão rápido que as autoridades, temendo confusão, pediram o cancelamento do evento. No fim, cerca de mil pessoas compareceram ao churrasco. VÍDEO: Veja como foi o encontro entre ativistas virtuais O episódio paulista é uma mostra da tendência que ainda tem de dizer a que veio. Mobilizações virtuais têm pipocado ao redor do país e com diferentes finalidades ? em Curitiba, o exemplo mais recente foi organizado por donos de bares revoltados com o fechamento de um restaurante ? e são um indício de que as mídias sociais facilitam e aceleram a criação de uma rede de pessoas conectadas por uma causa. E o fenômeno não é só local, mas mundial. Na sexta-feira, na Espanha, dezenas de milhares de pessoas se reuniram em protestos contra a situação econômica do país. Os eventos foram organizados via mídias sociais. Os protestos no mundo árabe ? a Primavera Árabe, como é chamada ? também tiveram na internet a grande ferramenta de mobilização. Para os analistas, que veem aí uma peça central de como a sociedade vai se organizar no futuro, exemplos como as manifestações no Egito, que depuseram o ditador Hosni Mubarak, alimentadas por jovens que se comunicavam via internet, deixam claro que as redes virtuais não servem apenas para churrascos bem-humorados. As redes sociais se tornaram uma ferramenta a mais para a mobilização e o ativismo social. Mas, como o uso da internet ainda é recente no país e não é massivo, ainda há muitas dúvidas. Esta é uma febre passageira? A mobilização virtual tem o mesmo poder aglutinador que o ativismo no mundo real? Para especialistas, de forma geral, as redes sociais não são passageiras porque amplificam um comportamento que sempre foi inerente ao ser humano, que é a capacidade de se associar. Mas o resultado depende de quem as usa. É possível ingressar nas redes sociais para discutir ideias, inovações, conhecer e re-encontrar amigos e se mobilizar. Também é possível, no entanto, praticar cyberbullying ou acessar redes de pedofilia. Há quem critique o mundo virtual e acredite que a internet está dificultando o relacionamento face a face. Quem usa garante que as redes sociais ampliam horizontes, permitem conhecer pessoas e culturas diferentes. E mais: as amizades virtuais podem se tornar ?reais?. ?Na minha experiência, tenho observado que há um sentimento maior de eco, apoio, pertencimento e comunhão de ideias?, argumenta a pesquisadora Raquel Recuero, professora da Universi­dade Católica de Pelotas. Em relação à capacidade de mobilização, embora ela ainda seja seminal, a internet também tem um perfil expansionista. ?Sempre houve pessoas que fizeram o bem, mas hoje é mais fácil conectá-las?, diz o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e especialista em redes sociais Gil Giardelli. Para Raquel Recuero, as pessoas percebem tecnologias ? como os sites de rede social e, em especial, o Twitter ? como espaços de difusão de informações. ?Com isso, conseguem mobilizar outras pessoas em torno de uma ideia?, explica. A pesquisadora da Universidade Católica de Pelotas diz que mobilizações em torno de uma ideia e de uma informação sempre existiram. ?A questão é que hoje há muito mais informação circulando nessas redes, o que possibilita que a gente tenha mais acesso e possa pensar mais sobre situações que necessariamente não receberiam tanta atenção.? Ainda assim, Raquel lembra que, embora o debate seja válido, é importante notar que muitos desses movimentos não saem da esfera da crítica e não resultam em ações concretas. Gil Giardelli afirma que a revolução provocada pela internet não é digital, mas moral. ?Esta é a primeira revolução sem um grande líder. Todos são importantes?, diz. Para o professor da ESPM, pela primeira vez haverá uma aldeia global. ?O engajamento digital é um reflexo do que a sociedade está pedindo. Não cabe mais, por exemplo, uma empresa dizer que é sustentável e, na prática, não ser. A moeda do século XXI é a reputação.? Interatividade Você já utilizou as redes sociais como mecanismo de mobiliza­ção? Conte sua história Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor

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