Contar a história enquanto ela acontece. Essa é a proposta do jornalista Aroldo Murá G.Haygert com a sexta edição do livro Vozes do Paraná: retratos de paranaenses. Em quase 600 páginas, com cerca de 800 fotos, Aroldo detalha a vida de 30 personalidades que estão construindo a trajetória contemporânea do nosso estado.
Ao todo, a coleção já traçou os perfis biográficos e psicológicos de pouco mais de 150 pessoas que contribuíram para o desenvolvimento das diversas regiões do estado nas mais variadas áreas. São escritores, políticos, religiosos, esportistas, artistas plásticos, professores e poetas, entre outros. A pluralidade é uma das marcas da obra de Aroldo. "Não importa a crença ou o ramo em que trabalham", comenta o autor.
O trabalho, que começou em 2008, tem grandes chances de se tornar um bom material de pesquisa para futuros estudiosos que buscarão entender o Paraná a partir do século 20. "É um trabalho complementar ao papel que seria do Estado, que é levantar a vida e a obra de pessoas que estão construindo o Paraná de hoje", descreve Aroldo.
Ao redigir diversos perfis biográficos para a revista Ideias, de Curitiba, na coluna Imago, o jornalista percebeu a carência desse tipo de material nas prateleiras das livrarias. "O primeiro volume, de 2008, reuniu perfis que já tinham se tornado públicos e outros ainda inéditos", detalha. Começou e não parou mais. Ao trazer à tona diferentes aspectos da vida de diferentes pessoas, Aroldo retrata consequentemente um pedaço expressivo do Paraná.
Retrato psicológico
Aroldo construiu ao longo dos 54 anos de profissão um faro aguçado. É usando e abusando desse talento que o jornalista conhecido por muitos como "professor" consegue escrever os perfis psicológicos dos entrevistados, resultando em uma espécie de radiografia de cada personalidade.
"Com esses anos de carreira, eu consigo compreender a alma das pessoas. Com muitos que são ou foram retratados eu já tinha uma amizade ou convivência. Sempre tomo o cuidado para não passar dos limites", explica Aroldo. Segundo ele, os critérios de escolha dos personagens são jornalísticos. "É uma escolha subjetiva baseada na avaliação e experiência jornalística", afirma.
A coleção Vozes do Paraná cumpre o que o título promete: dá espaço aos paranaenses que no dia a dia constroem o estado e atende à pluralidade de vozes daqueles que vivem em todos os cantos do estado. Aroldo mostra ainda que não perde tempo e já adianta: a sétima edição está em fase de preparação e será publicada no próximo ano.
Quem é o autor
Aroldo Murá é mais conhecido como "Professor". Aos 74 anos, ele é um gaúcho que desde os 8 anos mora no Paraná. Tanto tempo no estado já fez Aroldo considerar-se paranaense. Jornalista, ajudou a formar muitos profissionais de imprensa daí o apelido. Ganhou notoriedade ao ser chefe de redação de diversos veículos de comunicação. Da década de 1960 até o início dos anos 1970, atuou no Diário do Paraná, da rede dos Diários Associados. Entre 1974 e 1985, deu uma nova roupagem ao semanário Voz do Paraná. De 1986 a 1997, transformou o Indústria & Comércio, que passou de um jornal até então segmentado no ramo da economia para um diário aberto a diferentes assuntos.
Retratados
Esses são todos os personagens retratados na 6ª edição de Vozes do Paraná: Adalice Araújo, Airton Oppitz, Anderson Furlan, Antônio Felipe Wouk, Assis Gurgacz, Clèmerson Merlin Clève, Cleto de Assis, Conceição Barindelli, Elias Abrahão, Fernando Fontana, Francisco Borsari Neto, Ivo Simas Moreira, Jaime Zenamon, João José Werzbitzki , José Rodolfo Gonçalves Leite, Léo Kriger, Luiz Fernando Pereira, Mara Cornelsen, Maria Cheung, Maria Elisa Paciornik, Maria Tereza de Queiroz Piacentini, Mário De Mari , Mauri König , Miguel Krigsner, Nilson Monteiro, Paulo Eugênio Anunciação, Paulo Mac Donald, Pedro Muffato e Saul Raiz.
Jornalista da Gazeta é um dos personagens
O jornalista Mauri König, da Gazeta do Povo, é um dos retratados na 6.ª edição do livro Vozes do Paraná. Entre os 27 prêmios no currículo de Mauri, alguns se destacam. O profissional recebeu duas vezes o Prêmio Esso (em 2001, pela matéria "Dossiê Paraguai, mentira encobre crime no quartel", na categoria Regional Sul; e em 2004, pela matéria "Devorados pela miséria", na mesma categoria), três vezes o Embratel (2001, 2005 e 2013, na categoria Região Sul), quatro vezes o Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos (2001, 2004, 2005 e 2011), três vezes o Lorenzo Natali Prize (2002, 2006 e 2007), além do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, da Sociedade Interamericana de Imprensa, em 2002. Em 2012 foi agraciado com o International Press Freedom Awards, oferecido pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas.
No ano passado, Mauri ganhou o mais importante e antigo prêmio no ramo jornalístico, o Maria Moors Cabot, pela Universidade de Columbia (EUA). O jornalista paranaense foi premiado pelo conjunto de reportagens produzidas ao longo de sua carreira de 23 anos, os últimos 12 na Gazeta do Povo. Durante anos de investigações, Mauri contornou o Brasil desvendando rotas domésticas e internacionais do tráfico de crianças e adolescentes para prostituição.