No jogo Dante’s Inferno, baseado na obra de Dante Alighieri, o jogador pode condenar personagens ao inferno| Foto: Divulgação

Clássico

O inferno de Dante

O enredo do jogo Dante’s Inferno é baseado no Inferno que Dante Alighieri escreveu em Divina Comédia. "Neste jogo há condenados encontrados em diferentes etapas do inferno e vários outros monstros do citados na obra. O personagem pode condenar ou não diversos personagens reais ao Inferno, como o Júlio César, Adolf Hitler, Átila e Napoleão Bonaparte", destaca Siqueira.

Para tomar a decisão, aparece o que cada personagem fez na vida real. "Quem está jogando vai aprender um pouco sobre eles e despertar a curiosidade para saber mais. Além disso, muitos já me perguntaram em sala de aula mais sobre quem foi Dante. Há alguns anos ninguém sonharia com essa mídia que permite e traz várias informações e ainda desperta a curiosidade daqueles que jogam", diz o professor.

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Guerras

As principais batalhas da humanidade no botão do controle

Muitos jogos ambientados em guerras têm elementos históricos como enredo. Dois deles são indicados pelo professor Osvaldo Siqueira: Medal of Honor e Call of Duty. "Os dois jogos são fantásticos para trabalhar a Segunda Guerra Mundial. A maioria dos jogos dessas séries é ambientada nas principais batalhas, como a de Stanlingrado e o Dia D", diz o professor.

Segundo ele, grande parte da ambientação é baseada em fatos reais, incluindo os equipamentos usados nos combates. No entanto, ele chama a atenção para o fato de que os pais devem ficar atentos à indicação etária dos jogos. "O videogame não pode ser uma babá eletrônica. Os pais devem participar e saber dizer não. É fundamental os pais saberem os que os filhos estão jogando, orientá-los e ver a classificação etária", ressalta Siqueira.

Jogos de guerra são ambientados em eventos que realmente aconteceram
Mesmo que sejam educativos, os pais precisam ficar atento à faixa etária indicada para os jogos

Passear pela França do século 19, conversar com Maquiavel ou Leonardo da Vinci e ter o poder de condenar Hitler eternamente ao fogo do inferno. Todas essas possibilidades estão nas telas dos videogames. Além da diversão, os jogos têm o poder de auxiliar na compreensão histórica de diferentes acontecimentos mundiais.

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A partir dos jogos, os jovens – principalmente – sentem-se atraídos para o campo da história. Além de adquirirem conhecimentos sobre os fatos passados. Isso porque muitos jogos, que tem a história como pano de fundo, possuem historiadores atuando nos bastidores. Ou seja, são baseados em fatos reais.

O historiador Osvaldo Siqueira, que leciona na Universidade Tuiuti, é um dos entusiastas da ideia de usar os games como instrumentos de ensino. "Inúmeros jogos permitem trabalhar cultura e história. São elementos que despertam a curiosidade do jovem para aprender mais sobre a história mundial. Pode ser uma porta de entrada para o aprendizado", afirma.

Games do gênero não faltam. Para aprender sobre a mitologia grega, por exemplo, uma dica pode ser o jogo God of War. "O aluno que joga este game percorre grande parte da cultura da Grécia Antiga. O jogo é capaz de ensinar sobre os deuses gregos melhor, inclusive, que o professor em sala de aula, já que esse tema é, muitas vezes, tratado rapidamente", relata Siqueira.

O professor salienta que a mitologia é extremamente rica. "A partir do enredo do jogo, é possível discutir em sala de aula as funções do mito, que tem como uma das funções explicar o mundo em que determina sociedade vive". Siqueira usa como exemplo o mito do Minotauro. "Um monstro cretense que é morto por um jovem ateniense, o Teseu. O minotauro representa a civilização de Creta enquanto Teseu é a jovem sociedade de Atenas. Há uma interpretação histórica para os mitos que pode ser debatida através do jogo", ressalta o professor.

Credo dos Assassinos

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A série de jogos Assassin’s Creed (Credo dos Assassinos, em português) é baseada na batalha entre o Credo dos Assassinos e a Ordem dos Templários. Ambos os grupos realmente existiram. "O primeiro era um grupo de tendência xiita e o segundo foi fundado em meados do século 10 para proteger cristãos na Terra Santa. A série pega essas duas facções e cria jogos ficcionais baseado em fatos reais como se fosse um romance histórico", conta Siqueira.

Em Assassin’s Creed, o personagem circula por diferentes épocas, passando pelas Cruzadas da Idade Média aos Estados Unidos do período da Independência, no século 18. O personagem dialoga com protagonistas da História, como Maquiavel, e transita pelos países em diferentes séculos, o que ajuda a ter uma noção de como era a vida naquela época. "O mais interessante é que há uma descrição histórica dos personagens reais e dos locais em que circula. Um dos jogos da série é ambientado em Paris na época da Revolução Francesa. Esses elementos tornam a história interessante. Os alunos geralmente vão atrás para saber mais sobre o que estão jogando. Se tiver uma mente aberta e atenta, o jovem aprende se divertindo", destaca Siqueira.

Roma Antiga

O jogo Shadow of Rome é outro que contribui para o aprendizado histórico. Misturando personagens reais e fictícios, a série do game se passa durante o período do Império Romano.

Um campo a ser explorado

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O doutorando em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Christiano Britto Monteiro, afirma no artigo "Videogames como fonte de análise histórica" que a análise dos videogames é um campo inexplorado pelos pesquisadores da área. "Do ponto de vista temático, temos exemplos de jogos que exploram questões como: Grécia Antiga, Roma, Europa Medieval, guerras modernas, Guerra Fria, guerras do tempo presente, dentre outros. Por outro lado, há também a possibilidade do historiador analisar os campos da emissão dos discursos e a recepção/apropriação dos conteúdos destes jogos eletrônicos, levando em conta as adesões ou rejeições às condutas e enredos presentes nestes títulos", escreve.

Nova realidade

Segundo ele, a análise dos jogos eletrônicos enseja uma tentativa de compreender as tensões entre cultura e política na história "por intermédio de uma fonte pouco usual, porém bastante reveladora no campo da historiografia".

Opinião parecida possui o professor da Universidade Tuiuti, Osvaldo Siqueira. "O professor tem de estar aberto a todo tipo de material que possa auxiliar no ensino. Por mais que o aluno entenda e aprenda com os jogos, será por meio do professor que ele conseguirá transformar esse maço de informação em conhecimento", ressalta.