“Afeto”, “viver junto”, “hospitalidade”, “cuidado” – são variados os conceitos da sociologia, urbanismo e antropologia urbana para definir as reações de indivíduos e pequenos grupos aos impasses contemporâneos. O zika vírus é um deles, e não passa ao largo.
A reportagem da Gazeta do Povo fez contato com 16 espaços em que havia probabilidade de ações nascidas da iniciativa de cidadãos comuns. Foram procuradas associações de moradores, condomínios verticais, ONGs, hospitais, escolas e projetos híbridos, como a Bicicletaria Cultural. Poucas lideranças informaram não ter nenhuma ação. O modelo mais comum é a ação conjunta com o poder público, em especial os agentes de saúde, que conhecem as comunidades e têm livre acesso às casas. E a difusão da informação sobre a epidemia.
O afeto que mata mosquitos
Leia a matéria completaA Associação Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB) – organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) que atua há 12 anos nos bairros do Centro e do Portão – mobilizou seus 15 serventes e os preparou para enfrentar a epidemia. A ACGB comanda uma rede de pequenos cuidados na área urbana, como o “despiche”, retirada de mato, pinturas e demais reparos. A administradora Deisi Margarete Momm percebeu que depois da formação, os serventes se tornaram mais observadores dos hábitos da população (“na XV, tem quem deixe o copo vazio do lado do lixo”) e dos perigos invisíveis. Fissuras na calçada, por exemplo, são depósitos de água e podem ser amenizadas. “Sinto que eles estão engajados no combate ao mosquito”, aposta Deisi.
O desejo em ajudar é manifesto. Há uma semana, a prefeitura lançou um programa de voluntariado, para pessoas interessadas em integrar os mutirões comandados por agentes de saúde. O número ultrapassou 3,5 mil inscrições. O perfil dos inscritos não é conhecido, mas tende a ser formado por gente que costuma participar de ações. É o caso de Renê Rodrigues da Silva, envolvidos com a Defesa Civil no Bairro Alto, um dos primeiros inscritos.
Os moradores do Jardim Monjolo, no bairro Barreirinha, realizam um mutirão neste sábado (27) pela manhã para buscar e eliminar focos do mosquito Aedes aegypti. Segundo o presidente da associação, Omar Nasse Filho, já foi feito um trabalho de orientação com os moradores. “Passamos de casa em casa para orientar os moradores sobre como cuidar do terreno”, diz. Uma das preocupações é o número de terrenos baldios no local. São cerca de 250 lotes desocupados que recebem diversos resíduos. “Esse é um momento crítico para a proliferação do mosquito”, diz. A ideia é que a fiscalização passe a ser constante.
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