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Mobilidade

A manobra para desviar o Ligeirão da praça

Cerejeiras seriam retiradas para dar espaço aos ônibus | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Cerejeiras seriam retiradas para dar espaço aos ônibus (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

O maior ônibus do mundo tem dificuldade para fazer contornos, tanto que está entalado há dez meses na curva em "S" que circunda a Praça do Japão, no bairro Água Verde, em Curitiba. A passagem do Ligeirão pelo local gerou uma reação dos moradores e frequentadores da região, ciosos da praça que viria a perder parte da área verde para o transporte coletivo. A mobilização resultou em 17 mil assinaturas num abaixo-assinado, audiências públicas com centenas de pessoas e a suspensão do projeto, que voltou para as pranchetas do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Mais que isso, mostrou que a cultura intramuros dos condomínios ainda tem pontos de resistência.

Tudo começou quando a direção da Escola Santa Terezinha do Menino Jesus, localizada na Avenida Sete de Setembro, a uma quadra da praça, recebeu uma solicitação da prefeitura para mudar a entrada da escola para a transversal Rua Padre Ildefonso, pois uma estação-tubo seria instalada na Sete. A notícia foi comentada no pátio e corredores da instituição, até ser levada por um aluno até a família, moradora de um prédio no entorno da praça. O assunto foi levantado na reunião de condomínio. O advogado Marcelo Caron Baptista, também morador da região, foi atrás de informações sobre o projeto e descobriu que o trajeto do Ligeirão previa um contorno pelo início da Avenida República Argentina, que seria alargada.

"Ninguém avisou a comunidade. Seria uma obra feita de forma arbitrária, durante o período de férias, nos primeiros dias do ano", ressalta Marcelo. Após uma reunião pouco frutífera entre moradores e a direção da Urbs, o grupo passou a organizar uma abaixo-assinado contra a obra. Eram tempos de mudança na administração municipal. Com o novo presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Júnior, anunciado mas não empossado, o grupo de moradores chegou até ele e obteve garantias de que a obra não seria inaugurada antes da realização de uma audiência.

A disputa ganhou os olhos da cidade, e alguns viram nela uma repulsa da classe média-alta moradora da região em relação à média-baixa passageira de ônibus, usando como pretexto alguns metros de paisagem.

Em fevereiro, a prefeitura deu garantias oficiais de que não faria alterações na praça. As obras de desalinhamento desde o Terminal do Cabral até a estação Bento Viana, logo antes da praça, estão previstas para serem concluídas no mês que vem. A partir dela, o desalinhamento faz parte de um novo lote ainda não licitado, pois depende do novo projeto para o contorno. Segundo a prefeitura, essa divisão de lotes já existia antes da manifestação dos moradores.

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