Pedágio 1
Uma medida provisória assinada pelo presidente Michel Temer e publicada esta semana abriu uma janela para a prorrogação dos contratos de pedágio vigentes no Paraná desde 1997. A MP, que leva o número 752, aventa tal possibilidade – coincidindo com o interesse já manifestado (e depois colocado na geladeira) pelo governador Beto Richa. A prorrogação seria garantida às concessionárias que se comprometessem a aumentar seus investimentos na malha que administram.
Pedágio 2
A ABCR, associação que congrega as concessionárias, não se manifesta, por “falta de clareza” da MP, quanto aos termos da eventual prorrogação. Mas se preocupa com outro ponto contido na medida provisória: o de antecipar a relicitação dos trechos concedidos a partir de 2013 (governo Dilma), cujos contratos estão ainda longe de vencer. Nesses trechos o pedágio é baratinho, mas em compensação as concessionárias – dizem elas – estão quase falindo e sem condições de cumprir os cronogramas de obras. As atuais administradoras reclamam sobretudo do impedimento, previsto na MP, de participarem da nova licitação.
Só Deus sabe
Estão enganados o desembargador Jorge Vargas e os servidores estaduais: o primeiro proferiu liminar afirmando que a lei da data-base para reajuste dos salários deve ser cumprida na data prevista, 1º de janeiro. Fazer o contrário é inconstitucional, ousou dizer o magistrado professor de Direito Constitucional. Já os servidores se dizem enganados, feitos de otários. O líder do governo na Assembleia, Luiz Cláudio Romanelli, sabiamente os corrige: a data-base não foi revogada, mas apenas adiada para um dia que só Deus sabe quando ocorrerá. Eremildo, o personagem idiota sempre citado nas crônicas de Elio Gaspari, concorda com Romanelli.
O
discurso do prefeito eleito Rafael Greca muda de acordo com as circunstâncias ou conveniências. O primeiro sintoma da metamorfose retórica que vem operando apareceu quando negou ter prometido na campanha zerar as filas de consulta em especialidades médicas. Seria uma “sandice” pensar numa coisa dessas, disse o alcaide – embora, segundo contraditou imediatamente o repórter Rogério Galindo em seu blog – a promessa tenha sido repetida à exaustão na propaganda do candidato.
Já na entrevista à Gazeta do Povo, no dia seguinte à sua vitória eleitoral, Greca combateu a ideia de construir o metrô de Curitiba – no que está cheio de razão – e duvidou da existência real dos recursos federais prometidos pela ex-presidente Dilma, de R$ 1,8 bilhões, ao ex-prefeito Luciano Ducci (seu aliado) e para o atual, Gustavo Fruet. “Vamos parar de acreditar em história da carochinha”, disse Greca.
Esta semana, contudo, lhe pareceu que a duvidosa verba tenha repentinamente ganhado vida. O prefeito eleito foi a Brasília para conversar com ministros visando a transferir a “carochinha” para financiar obras alternativas ao metrô, dentre as quais o término da Linha Verde, sua extensão até Araucária, a criação de uma linha metropolitana de BRT, além de construir alhures 29 trincheiras.
Na Associação Comercial do Paraná na última terça-feira (22), Greca anunciou uma “solução” para tirar o Hospital Evangélico da aguda crise que o acomete desde que seu fundador e diretor, o médico Daniel Egg, morreu em 1988. O prefeito eleito disse estar negociando com a Universidade Presbiteriana Mackenzie (de São Paulo) para que ela assuma a administração do Evangélico.
Greca não precisou se desmentir. O desmentido partiu do Ministério Público do Trabalho (que decretou intervenção no hospital por dívidas trabalhistas de quase R$ 200 milhões) e da própria direção do Evangélico. “Não há nenhum acordo ou negociação em andamento” de parceria com a Mackenzie, afirmou o MPT, em nota oficial.
Assim como defendia na campanha uma volta gloriosa ao passado, um suposto interesse da Mackenzie no Evangélico é velho de pelo menos 15 anos. As dívidas, já elevadas na época, puseram em fuga os negociadores paulistas. E nunca mais se falou no assunto.
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