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Educação

A música de volta à escola

Educação musical em alta: retomada quatro décadas depois. Educadores elogiam efeitos da disciplina | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Educação musical em alta: retomada quatro décadas depois. Educadores elogiam efeitos da disciplina (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

A música não faz bem apenas para os ouvidos. Ajuda também a criança a desenvolver a coordenação motora, a expressão corporal, o raciocínio e a matemática. Esta nova visão sobre os benefícios da musicalização ajudou na aprovação de uma nova lei que vai entrar em vigor no ano que vem: todas as escolas terão de incluir a disciplina de Música no currículo escolar.

Quem já teve contato com a disciplina, como a estudante Nicolle Heep, 13 anos, percebe os benefícios. "Comecei tocando violino, passei para a flauta e o piano. Hoje consigo ter mais concentração e muita facilidade para aprender os conteúdos", diz Nicolle. A mãe de Nicolle, Lirian Hepp, sempre incentivou os três filhos a tocar instrumentos. "Eles nunca precisaram de reforço escolar. Não sei se podemos dar o mérito apenas à música, mas acho que contribui bastante", diz Lirian.

A Música existiu nas escolas até 1972. Depois disso, foi incluída timidamente nas disciplinas de Educação Artística e Arte. A velha visão polivalente da matéria agora será substituída pela lei 11.769, de 2008, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases e incluiu a música como ensino obrigatório em 2011.

A lei é sucinta. Não cita para quais séries é destinada nem o formato e o conteúdo das aulas. O Ministério da Educação (MEC) recomenda apenas que os alunos recebam noções básicas de música, dos hinos cívicos, dos sons de instrumentos de orquestras e os sons folclóricos e regionais. As diretrizes mais específicas serão traçadas pelos conselhos municipais e estaduais de Educação.

Para o professor, músico e escritor Guilherme Campos, do Colégio Dom Bosco, o ideal seria que a música fosse ensinada do primeiro ao nono ano do ensino fundamental. No ensino médio deveria ser uma disciplina optativa.

Como a disciplina de Musi­calização existe há 20 anos no Dom Bosco, definiu-se um currículo em três etapas. Crianças até a 2.ª série trabalham com a sensibilização para os ritmos, instrumentos, melodias e sons mais intensos e outros mais fracos. A partir da 3.ª série tem contato com a flauta como instrumento e na 8.ª e 9.ª série trabalham o canto. "A flauta é ideal como instrumento musicalizador porque é fácil de tocar e de ser adquirida. Temos ainda uma sala com piano e os alunos podem trazer os instrumentos que quiserem", explica Campos.

A presidente da Associação Brasileira de Educação Musical, Magali Oliveira Kleber, diz que é importante que a música seja tratada pela escola como produção de conhecimento e que as propostas pedagógicas levem em conta as raízes culturais regionais. Para Magali, a retomada da educação musical é fruto do trabalho de gerações de educadores e deve ser aproveitada ao máximo.

Trabalhar a música como meio de integração de grupo, respeitando as limitações de cada um, é outro aspecto que Campos defende. "É como no esporte, alguns alunos têm mais aptidão. Contudo, dá para trabalhar com todos."

Formação

Com o retorno do ensino de música, os professores acreditam que a escola vai cumprir o objetivo da formação integral. O vice-coordenador do curso de Música da Universidade Federal de Ponta Grossa (UEPG), Rogério de Brito Pergolb, afirma que sem o ensino formal da música o aluno acaba aceitando pacificamente tudo o que a mídia lhe oferece.

O diretor do conservatório municipal de música de Ponta Grossa, Jairo Ferreira, acrescenta que o aprendizado da música oferece disciplina e concentração. "A música faz parte da formação do ser humano. Hoje o Brasil é carente de ética e disciplina e eu acho que o ensino da música tem muito a contribuir", opina.

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