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Viatura do Projeto Povo: comando do policiamento da capital admite problemas e diz que tentará implantar melhorias | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Viatura do Projeto Povo: comando do policiamento da capital admite problemas e diz que tentará implantar melhorias| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Policiais do projeto já visitaram 200 mil imóveis em Curitiba

Em cinco anos de trabalho, as equipes do Projeto Povo já visitaram cerca de 200 mil imóveis em Curitiba (a cidade tem cerca de 450 mil imóveis). Durante a visita, os policiais conversam com moradores e empresários, deixando a cartilha da polícia comunitária e o número do celular de contato no bairro.

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Problemas também em outras cidades

Além de Curitiba, o projeto Povo atende outras 54 cidades do Paraná. O levantamento da reportagem se restringiu aos 71 telefones de Curitiba, mas há indícios de problemas também em outras cidades.

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Anderson Gonçalves Vidal, que vive da venda de peças de informática no bairro do Cristo Rei, em Curitiba, seguiu à risca as instruções dadas por um policial que o visitou. Em caso de emergência, deveria primeiro ligar para o celular do projeto Povo (Policiamento Ostensivo Volante). Quem atenderia o telefone seria um policial que circula pelo bairro, e o tempo de espera seria menor.

Na quinta-feira, a emergência surgiu. Dois homens armados invadiram a loja e mantiveram Vidal trancado no banheiro enquanto roubavam tudo. Quando os assaltantes fugiram, a vítima ligou para o projeto Povo – e o celular não funcionou.

O celular para o qual Vidal ligou está entre os 89% de telefones do projeto que apresentaram problemas durante um levantamento feito pela reportagem. A Gazeta do Povo tentou contato durante esta semana com todos os 71 telefones que deveriam ser atendidos por policiais nos bairros de Curitiba. Apenas oito ligações (11%) apresentaram o resultado prometido.

Em 33 casos, o telefone não foi sequer atendido. Em outros 30, houve resposta, mas o celular estava dentro da sede das companhias de polícia, sendo usados como telefones fixos. De acordo com os policiais que atenderam as chamadas, os telefones estão com as baterias viciadas ou não há viaturas para usá-los. "Aqui na 1ª Companhia do 13º Batalhão tem três viaturas para seis celulares. Sempre sobra uns", disse um policial, que pediu anonimato para evitar retaliações. A 1ª Cia do 13º BPM é responsável pelos bairros Portão, Guaíra, Lindoia, Capão Raso, Novo Mundo, Fanny e Xaxim.

As chamadas foram realizadas de terça a quinta-feira (10 a 12), das 19 às 20 horas – dentro do horário em que a Polícia Militar é mais necessária, de acordo chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Jorge Costa Filho. Sempre que um telefone não atendia, por dar sinal de ocupado, caixa postal ou chamar até cair, a ligação era refeita pelo menos outras duas vezes.

No caso de Vidal, o roubo resultou na perda de dois notebooks, três celulares e dinheiro – um prejuízo total de R$ 3,8 mil. "Liguei [para o celular da Povo] e ficou mudo", conta. Na ligação feita pela reportagem da Gazeta do Povo, o número para o qual Vidal ligou estava na sede da polícia. A vítima discou então para o 190, telefone geral de emergências da polícia.

Após ser colocado por sete minutos em uma gravação de espera, que pede para o solicitante manter a calma, Vidal conseguiu finalmente acionar a polícia. Cerca de uma hora depois, a PM chegou. Mas os suspeitos não foram presos.

Falha reconhecida

Chefe do Comando de Policiamento da Capital, o coronel Jorge Costa Filho reconhece que há falhas no policiamento, porém sempre com a ressalva de que existem constantes aprimoramentos. Ao tomar conhecimento do levantamento da reportagem com os telefones do Povo, Costa disse que pedirá relatórios sobre as condições dos celulares para os batalhões. "Se estão estragados, eu não tenho como saber sozinho, se ninguém me avisar", afirmou. Segundo o comandante, a PM dispõe de telefones para reposição. O major Arildo Luís Dias, chefe da sessão de planejamento do policiamento da capital, afirma que seis telefones estão na manutenção

Sobre a falta de veículos, Costa afirma que o uso dos carros nas condições necessárias para a movimentação policial demanda constante manutenção. "Cada carro roda de 80 mil a 100 mil quilômetros por ano e tem em média seis motoristas diferentes", argumentou Costa, que admitiu trabalhar com o limite dos carros reservas.

O chefe do policiamento de Curitiba declarou que usará computadores com tecnologia GPS (equipamento de localização por satélite) que permitirá ter um controle mais efetivo da atividade policial. "Teremos como saber se o policial chegou na ocorrência e em quanto tempo", diz Costa.

Na análise do coronel da reserva da PM Elizeo Ferraz Furquim, o Projeto Povo trouxe um enfraquecimento dos dois sistemas de emergência, o 190 e o celular. "O Povo acaba concorrendo com o telefone de emergência, pois o efetivo do 190 foi deslocado para o projeto", comenta Furquim. O coronel ainda caracteriza o Povo como "demagogo" e "eleitoreiro". "Deu certo na primeira vez que foi feito [em 1993, durante o primeiro mandato de Roberto Requião no governo do Paraná], com pôsteres dos policiais e os telefones. Esse relançamento [de 2003] não deu certo", analisa.

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