Brasília O senador Pedro Simon foi o primeiro dentro do partido a pedir o afastamento de Renan Calheiros. Tido como a "reserva moral" peemedebista, ele assegura que os problemas éticos não são exclusividade do PMDB, mas aponta problemas com "panelinhas" dentro do partido.
Três senadores do PMDB estão no centro da crise. É um problema do partido?
Esse movimento de crise não é só do PMDB. Todos os partidos estão envolvidos em problemas, uns mais, outros menos. O problema do Brasil é a impunidade. Temos de encontrar uma forma para fazer com que os processos tenham um prazo para serem julgados. Ninguém agüenta mais as coisas como estão.
Mas não há uma ambigüidade no partido? O senhor, por exemplo, sempre cobrou ética. Só que há muitos colegas que tentam abafar o caso Renan. Como é isso internamente?
Infelizmente para fazer parte de uma comissão de ética ou de uma comissão parlamentar de inquérito, dentro do PMDB, é necessário fazer parte daquela panelinha que está envolvida em determinado setor do partido. Há muito tempo que eu, por exemplo, não era indicado para qualquer comissão dessas. Essa situação vai contra a origem do partido. Eu tenho um projeto que diz que o partido precisa selecionar os seus candidatos. Não dependemos nem da Justiça Eleitoral, nem de ninguém, para sabermos se um candidato cometeu alguma infração. É o PMDB que deve saber quem são os seus candidatos. Quem deve algo na Justiça deve ser eliminado, mas por nós. Mas eu faço parte de uma minoria dentro do partido...
É isso que faz com que o PMDB, mesmo sendo o maior partido do Brasil, não consiga se lançar à presidência?
Também isso faz parte. Se o PMDB fosse aquele partido que foi no passado, combativo, essas crises jamais iriam acontecer.
O senhor não se sente sozinho nessas lutas?
Sim, eu me sinto em inferioridade. Mas não vejo qualquer outro partido que esteja numa situação diferente. A política brasileira está toda contaminada.
(AG)