Quem acompanha as previsões do tempo já sabia que teríamos chuva até sábado passado na capital e que o frio voltaria a partir de domingo. Isso porque já passou o tempo em que as pessoas saíam de casa levando o guarda-chuva quando a previsão era de sol, tamanha a incredulidade. Hoje, tecnologia e profissionais preparados para fazer as previsões meteorológicas garantem altos índices de acerto. O meteorologista do Simepar Lizandro Jacóbsen diz que "100% é muito difícil", mas que para o prazo de dois ou três dias o índice de acerto chega a 85%. E em períodos maiores, 65%.
Jacóbsen é formado pela Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. A instituição está entre as menos de dez no país que oferecem o curso de graduação. Como o estado vizinho forma profissionais em duas universidades federais, Pelotas e Santa Maria, e no Paraná não existe o curso superior de Meteorologia, 90% dos profissionais que estão no Simepar são gaúchos. Situação fácil de perceber pelo sotaque e pelo chimarrão que divide espaço com os computadores na sala em que ficam os meteorologistas.
Tecnologia
Profissionais com boa formação e conhecimento da região em que atuam e recursos tecnológicos fazem a combinação que garante a eficiência das previsões meteorológicas. Segundo Jacóbsen, o Paraná tem hoje um dos melhores serviços do país. O atual Instituto Tecnológico Simepar é um serviço autônomo, que sucedeu o Sistema Meteorológico do Paraná, instituído em 1993 a partir de um convênio entre o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Companhia Paranaense de Energia (Copel) e Universidade Federal do Paraná. Trata-se de uma unidade complementar do Serviço Social Autônomo Paraná Tecnologia, vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Jacóbsen explica que os meteorologistas do Simepar usam imagens de satélite, recebem informações de uma rede de estações meteorológicas e hidrológicas e ainda contam com um sistema de detecção de raios, que oferece dados em tempo real. Esse último permite que os profissionais acompanhem o deslocamento das tempestades, sua intensidade e, quando necessário, façam alertas para a Defesa Civil.
O Simepar também é o único serviço autônomo do país que tem um radar meteorológico. Instalado no município de Teixeira Soares, ele cobre todo o Paraná. Sua abrangência é de um raio de 480 quilômetros. "Até 250 quilômetros ele é mais efetivo, consegue quantificar a chuva. Acima disso, mostra se está chovendo ou não, mas sem quantificar", diz Jacóbsen. No fim do ano passado foi feita a atualização do sistema de radar e o "sonho de consumo" dos profissionais do Simepar é ter mais um radar meteorológico, agora na Região Oeste do estado.
Sonho que não parece muito distante. O diretor Administrativo e Financeiro do Simepar, Zenóbio José Gavlak, conta que estão sendo feitos todos os esforços para a compra de mais um radar. De acordo com ele, um equipamento com boa resolução não sai por menos de R$ 8 milhões. Hoje, completa, o Simepar se mantém com receitas próprias provenientes da prestação de serviços. O cliente que gera o maior volume de receitas (46%) é a Copel. Tem também refinarias da Petrobras, empreiteiras e outras empresas de energia elétrica.
Conforme Gavlak, os investimentos do Simepar para atualização tecnológica são crescentes nos últimos anos. A previsão para 2009 é de um gasto de R$ 2,5 milhões, contra R$ 2,310 milhões em 2008. Em 2007 foram investidos R$ 895 mil e em 2006, R$ 222 mil.