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O cultivo da bragatinga, árvore nativa do Paraná, está chamando a atenção tanto de órgãos ambientais como de empresas do setor madeireiro. Tudo porque a madeira da espécie une duas características que comumente seguem caminhos opostos: a recuperação de áreas degradadas e a possibilidade de lucros financeiros. Tais benefícios foram apresentados ontem durante o Congresso Latino-Americano de Áreas Degradadas, no Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores das Indústrias do Paraná (Cietep), em Curitiba.

O engenheiro agrônomo da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Jorge Mazuchowski, explica que, pelo fato da espécie retirar nitrogênio do ar e incorporá-lo ao solo, várias plantas crescem em torno da bracatinga. Dessa maneira, a recuperação de áreas degradadas – como solos rochosos, decompostos pela ação de produtos agrícolas ou por queimadas – com bragatinga é mais rápida. "Dependendo do estado de degradação, o solo pode se recuperar em sete anos", exemplifica.

A vantagem financeira da bracatinga está na descoberta de novas funções da madeira. Normalmente utilizada como lenha ou escora para a construção civil, o potencial da bracatinga para a produção de móveis começa a ser explorado. Conforme explica Mazuchowski, pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estudam melhorias genéticas e de plantio da bracatinga para a utilização no setor moveleiro. "Os troncos mais finos continuam virando lenha. Porém, os com diâmetro a partir de 18 centímetros podem virar móveis", argumenta.

O plantio de bracatinga para móveis deve se tornar uma alternativa para agricultores de uma das regiões mais carentes do estado, o Vale do Ribeira. Um projeto em parceria entre Emater, Embrapa, UFPR e grandes indústrias do setor está implantando um pólo produtor em quatro municípios do vale: Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Tunas do Paraná e Rio Branco do Sul.

O diretor-superintendente da Agência Vale do Ribeira-Guaraqueçaba, José Carlos Becker, aponta que o atrativo para os agricultores está justamente na melhoria do plantio visando o mercado moveleiro. "Antes do projeto, o custo do metro cúbico da bracatinga nessas cidades era de R$ 17. Agora, está em torno de R$ 27", exemplifica. A expectativa é de que o projeto conte com 400 agricultores até o fim do ano – hoje são 250.

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