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Joaquim Pasque alega que foi agredido dentro de sua casa por diversos homens | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Joaquim Pasque alega que foi agredido dentro de sua casa por diversos homens| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Reação física

Embora as agressões aos familiares dos suspeitos sejam condenáveis, segundo o tenente-coronel Maurício Tortato, responsável pela PM na RMC, elas podem ser entendidas como reação física quando esses familiares "intervieram a favor dos entes queridos" que foram detidos.

Uma operação violenta realizada por pelo menos dois policiais militares (um deles aposentado) na madrugada de ontem, em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curi­­tiba (RMC), foi cercada de irregularidades. A constatação é da própria Polícia Militar, que considerou ilegal a ação em que foram detidos três suspeitos de envolvimento no latrocínio que vitimou o pai desses policiais no mês passado, em Castro (campos Gerais). Os nomes dos policiais não foram divulgados pela corporação.

A ação dos PMs contou com a participação de um terceiro irmão não policial e utilizou um carro particular. Os suspeitos Cleiton Valmor de França, 19 anos, Diego Danilo Pasque, 20, e Jaquierison Pasque das Neves, 23, foram retirados de suas casas à força sem mandado de prisão. A "dica" da localização dos suspeitos foi dada por dois outros homens, já presos pelo envolvimento no latrocínio.

Familiares dos rapazes que estavam em suas residências sofreram agressões físicas. Um quarto suspeito que estava sendo procurado, conhecido apenas por Adilson, conseguiu fugir. Na detenção, foram apreendidos um facão (de provável relação com o latrocínio de julho), um revólver e uma pistola.

Os três suspeitos foram levados para Castro, mas o delegado da cidade não quis prendê-los pelo latrocínio. Ele orientou que o flagrante das armas fosse efetuado em Rio Branco do Sul. De volta à cidade da RMC, os detidos confessaram a participação no latrocínio e permaneceram presos e, de acordo com a PM, irão responder por porte ilegal de arma e formação de quadrilha.

O tenente-coronel Maurício Tortato, responsável pela PM na RMC, afirma que a confissão é válida, já que não foi feita para os policiais que efetuaram a prisão irregular, mas sim registrada em delegacia.

Para Tortato, a ação dos PMs – embora "justificável num plano humano" – é inadequada tecnicamente e não pode ser respaldada pela polícia. Ainda segundo ele, embora as agressões aos familiares dos suspeitos sejam condenáveis, podem ser entendidas como uma "reação física" dos policiais quando esses familiares "intervieram a favor dos entes queridos" que estavam sendo detidos.

O trabalhador rural Joa­quim Pasque das Neves, 56 anos, pai de Jaquierison, foi um dos agredidos durante a ação ilegal. Ele nega que havia apenas três homens na invasão de sua casa. "Foram arrebentando a minha porta às duas da manhã, me bateram, me algemaram, ameaçaram uma criança de três anos, eram uns dez homens", diz.

Abuso de poder

Os dois oficiais envolvidos na operação irregular – um sargento da reserva e um cabo da ativa em Curitiba – devem responder a inquéritos na PM e na Polícia Civil por abuso de poder e lesão corporal. O terceiro envolvido pode ser indiciado pela Polícia Civil por lesão corporal.

De acordo com a PM, a "gran­­de emoção" de ter visto o pai agonizando, aliada à de­­mora judicial para deter os sus­­peitos, motivou a "ação extremada". O pai dos policiais, Afonso Schneider, foi baleado em 6 de julho, morrendo 17 dias depois.

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