Brasília - Extraditado pelo governo brasileiro, o traficante colombiano Juan Carlos Ramirez-Abadía foi entregue ontem ao governo dos Estados Unidos para responder por assassinatos, tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Mesmo que seja condenado à pena de morte, ele terá a sentença comutada para 30 anos de prisão, o máximo permitido pela lei brasileira, como prevê o decreto de extradição expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), acatado pelo governo norte-americano.
O Ministério da Justiça informou que Abadía foi retirado às 4h30 da penitenciária federal de Campo Grande (MS), onde estava preso há um ano, e levado para Manaus (AM) em avião da Polícia Federal. Às 9 horas, o traficante foi entregue a uma equipe do Drugs Enforcement Administration (DEA), a agência antidrogas norte-americana, que o aguardava no aeroporto. Um delegado da PF embarcou junto para formalizar a entrega do bandido às autoridades daquele país.
A portaria que autorizou a extradição foi publicada no Diário Oficial da União de 20 de agosto. O governo brasileiro também determinou a expulsão do traficante, para garantir que ele jamais retorne ao território nacional.
O primeiro destino de Abadía é Nova Iorque, onde ele ficará preso à disposição da Justiça. Ele foi preso em agosto do ano passado, em um condomínio de luxo em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo.
Abadía é apontado pelo DEA como um dos maiores traficantes do mundo e um dos líderes do cartel do Vale do Norte, na Colômbia. É acusado de ser o mandante de 15 assassinatos só em solo norte-americano e de estar envolvido em centenas de outros em vários países, principalmente da América Latina. No Brasil, ele foi condenado a 30 anos e cinco meses de prisão por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção ativa.
As autoridades norte-americanas informaram, na justificativa do pedido de extradição, que, depois da morte do lendário traficante Pablo Escobar, Abadía assumiu o controle do tráfico colombiano e teria movimentado mais de US$ 1 bilhão, em 10 anos de atividades.
No período, ele teria remetido cerca de mil toneladas de cocaína para os Estados Unidos. Boa parte da droga teria usado o Brasil como rota.