O casarão amarelo perece entre pichações, mato alto e sujeira, em pleno bairro São Francisco, em Curitiba. Datado de 1918, o prédio histórico que se notabilizou por ter sediado a União Paranaense dos Estudantes (UPE) está lacrado desde janeiro deste ano. Apesar disso, as grades e tapumes não têm sido capazes de barrar moradores de rua e usuários de drogas, que invadem o terreno na calada da noite. Enquanto aguarda reformas, o espaço virou um "mocó" para desespero dos vizinhos.
No início do ano, o casarão passou a ser administrado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), que desenvolveu um projeto para usá-lo de forma compartilhada com a UPE. Além de servir aos estudantes, a edificação funcionaria como um centro cultural, voltado à juventude. Para isso, seria necessária uma série de reparos e adequações, que ainda não saíram do papel.
Enquanto isso, mesmo vedado, os "visitantes" têm aparecido e deixado sua marca. Latas de cerveja e garrafas quebradas, papéis, restos de comida e até um colchonete improvisado denotam as invasões. As vidraças quebradas, paredes sujas e pichadas, nas quais o reboco começa a cair, não combinam em nada com os traços arquitetônicos refinados, em art nouveau.
O caseiro João Romano que, desde 1982, mora num anexo aos fundos não consegue impedir as entranças noturnas. "Todo dia, às dez da noite, eu dou uma passada aqui pela frente. Mas depois que entro na minha casinha e me tranco, eles entram. Só vejo a sujeira no dia seguinte", disse.
Quem mais sofre, são os vizinhos. No edifício ao lado, os moradores relatam arrombamento de carros, arruaças e uso constante de drogas. Atribuem os casos ao abandono do Casarão. "Sem falar na sujeira, que é um incômodo para nós. Pela janela dos apartamentos, dá pra ver o entra e sai a noite toda", contou uma moradora, que pediu para não ser identificada.
Reforma
O cronograma inicial previa a conclusão das obras para o fim de 2013, mas os trabalhos sequer começaram. Segundo a FCC, os projetos arquitetônico, elétrico e hidráulico devem ser concluídos em dois meses. Em seguida, a prefeitura deve fazer uma licitação para executar as obras. A expectativa da Fundação e da UPE é que os reparos fiquem prontos em setembro do ano que vem, quando o espaço deve voltar a ser utilizado.
"Queremos fazer a reinauguração junto com o lançamento do livro da UPE", adiantou a presidente da entidade, Elys Marina Violi. A FCC ressalta que esta é a primeira vez em ano que o Casarão tem um projeto consolidado de uso sistemático do prédio.
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