O local pode passar despercebido por muitos que passam pela Avenida Dario Lopes dos Santos, no bairro Jardim Botânico, em Curitiba. Mas, atrás de pilastras amarelas e entre colunas azuis, sob o Viaduto do Capanema, há uma construção abandonada que pertence à prefeitura de Curitiba e vem servindo como ponto de consumo de drogas e abrigo para moradores de rua, situação que tem deixado inseguros vizinhos e pessoas que passam pela região.
O imóvel tem dois pavimentos, cômodos amplos e impressiona pela sujeira e pelo cheiro forte de urina e fezes. Não há portas nem janelas e o acesso é feito pela lateral. Garrafas vazias e latas improvisadas como cachimbos são encontradas pelo chão.
Segundo moradores e comerciantes da região, o prédio nunca foi ocupado e os casos de roubos e furtos aumentaram no início do ano. Na tarde do último dia 16, um agricultor foi esfaqueado no viaduto e morreu no hospital. Há duas semanas, a filha do aposentado Nilton Harry Bronemann, grávida de sete meses, foi assaltada durante a tarde. Dois homens a ameaçaram com uma faca e levaram a bolsa e o celular. "Aqui não tem horário em que nos sentimos seguros", relata Bronemann.
Edilaine Carquino, balconista de uma padaria na Rua Atílio Bório, conta que funcionários do estabelecimento são diariamente coagidos pelos frequentadores da construção. "Eles marcam a nossa cara. A gente teme que algo aconteça lá fora", diz Edilaine, que já foi roubada na região. A comerciante Marta Marra diz que os casos têm afastado clientes. "Se não há lugar para estacionar na frente da loja, os clientes nem param. Já estou atendendo em domicílio para não perder o movimento."
Um homem de cerca de 20 anos disse que mora no local com outras duas famílias. Ele confirmou que o imóvel é usado como ponto de consumo de drogas. No segundo andar, onde vivem as famílias, há um varal com roupas estendidas. Logo na entrada do prédio há um barraco com uma cama improvisada.
A prefeitura repassou o imóvel para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente no ano passado, para a instalação de um Parque de Reciclagem e Inclusão Social. Mas, em nota, a assessoria da secretaria informou que "em virtude de, no início deste ano, surgirem possibilidades de revitalização da Rodoferroviária e de seu entorno, a instalação do Parque de Reciclagem foi descartada". Segundo a assessoria, a obra de revitalização já tem orçamento aprovado e será feita pela prefeitura. A assessoria da prefeitura não deu detalhes sobre o imóvel nem sobre como ele foi usado no passado.