A Polícia Civil do Rio de Janeiro ouvirá os órgãos de fiscalização para apurar se houve negligência na autorização para o funcionamento do restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, no centro do Rio. Funcionários do estabelecimento confirmaram à polícia que o abastecimento do gás do restaurante era feito de forma clandestina no subsolo. Na terça-feira (11), parte da bateria de cilindros de gás que abastecia a cozinha foi trocada. No entanto, eles acreditam que o vazamento continuou e ficou confinado durante todo o dia seguinte, que era feriado e o comércio não abriu. O estabelecimento foi palco de uma explosão na manhã desta quinta-feira (13), onde três pessoas morreram e 17 ficaram feridas, sendo três em estado gravíssimo.
O delegado adjunto da 5ª Delegacia de Polícia do Centro, Antônio Bonfim, que antes era cauteloso ao falar da responsabilidade do poder público, nesta sexta-feira (14), após um encontro na cúpula da Polícia Civil mudou o discurso e falou que houve um "deslize" na fiscalização. "Acreditamos na necessidade de uma resposta rápida e eficaz que tenha um efeito pedagógico para que outros não cometam este deslize, que este proprietário e os órgãos de fiscalização cometeram", disse o delegado.
Ele deve ouvir representantes da Secretaria de Ordem Pública da Prefeitura do Rio, órgão fiscalizador dos estabelecimentos com alvarás provisórios, o Corpo de Bombeiros, responsável pela fiscalização de segurança do comércio, e a concessionária Companhia Estadual de Gás (CEG), que já confirmou não fornecer o produto para o prédio por falta de condições nas instalações. Enésio Madeira, síndico do edifício onde funcionava o Filé Carioca, também será ouvido. Ele disse à imprensa que o uso de gás era proibido no prédio e garantiu desconhecer como o restaurante era abastecido.
O delegado ouviu 14 depoimentos de testemunhas durante toda a noite. Ele informou que os peritos trabalham 24 horas para "arrecadar tudo o que é necessário para a elucidação do caso". Neste sábado (15), o dono do restaurante, Carlos Rogério do Amaralm e o irmão dele, Jorge do Amaral, que era gerente da casa e costumava abrir a loja, devem prestar depoimento.
Na quinta-feira (13), quando retornaram ao trabalho, todos os empregados sobreviventes disseram que sentiram um forte cheiro de gás dentro da loja. O jornaleiro da banca próxima ao restaurante afirmou que um funcionário identificado como José Roberto comprou um maço de cigarros momentos antes do estrondo.
Segundo a empresa contratada pela prefeitura para a retirada de entulho do edifício, o impacto causado pela explosão foi equivalente à detonação de 5 a 10 quilos de dinamite - mesma quantidade utilizada para a implosão de uma pequena casa. A retirada de destroços deve se estender pelas próximas duas semanas. Os engenheiros avaliaram que as estruturas do edifício Riqueza estão preservadas, mas pode ser necessário refazer vigas e lajes.
Donos de salas no edifício fizeram fila nesta sexta-feira para recuperar pertences que ficaram dentro do prédio. A empresária Cristiane de Souza Garcia estima que tenha perdido R$ 40 mil em sua loja de venda de cabelo. Há uma semana, o estabelecimento havia sido transferido do 10º para o 2º piso do prédio - a poucos metros do restaurante. "Ainda nem pagamos as dívidas da reforma da sala", lamentou. (Colaborou Bruno Boghossian).
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