Criado para atender de forma emergencial aos imigrantes haitianos recém-chegados a São Paulo, o abrigo montado pela prefeitura no Glicério, na região central, passou a recusar novos hóspedes nesta semana, após o número de abrigados chegar ao dobro da capacidade do espaço. Segundo a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, o local tem capacidade para 150 pessoas, mas, ontem, abrigava 301 imigrantes - a grande maioria haitianos.

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"Quando cheguei, no dia 13 de junho, ainda tinha cama, mas agora muita gente nova chegou e eu estou dormindo em um colchão no chão em um dos quartos", conta o professor haitiano Wilguens Pierre, de 32 anos.

Na Casa do Migrante, espaço na mesma rua administrado pela Missão Paz, da Igreja Católica, os 110 leitos também estão ocupados, o que faz com que os imigrantes tenham à disposição apenas os abrigos comuns da Prefeitura.

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Segundo Camila Baraldi, coordenadora adjunta de Políticas para Migrantes da secretaria, é a primeira vez que o número de hóspedes no abrigo municipal chega a 300. Para ela, o aumento da demanda se deve a dois fatores principais: a chegada de mais imigrantes do Haiti a cada semana e a diminuição das contratações desses estrangeiros no mês passado.

"Em junho, tivemos muitos feriados e as empresas que foram até a Missão Paz procurar trabalhadores não fizeram contratações nesses dias. Isso impediu que tivéssemos maior rotatividade nos abrigos. Quando eles são contratados, vão para as cidades onde trabalharão e recebem alojamento da empresa, abrindo espaço", diz Camila.

Levantamento da Missão Paz, que auxilia na emissão de documentos e promove feiras de contratação em suas dependências, mostra que os feriados de junho realmente atrapalharam os imigrantes que buscavam trabalho.

"Em maio, recebemos 653 haitianos e 579 foram contratados. Já em junho, chegaram 693 e apenas 391 conseguiram emprego. O número de empresas que vieram fazer seleção aqui caiu de 264 em maio para 39 em junho", conta o padre Paolo Parise, um dos coordenadores do abrigo católico. Desde o início do ano, 2.461 haitianos já passaram pelo local em busca de auxílio para a emissão de carteira de trabalho. Mais da metade deles (1.363) conseguiu emprego.

Ônibus vindos do Acre com grupos de haitianos continuam chegando a São Paulo semanalmente. Segundo alguns haitianos ouvidos pelo Estado, a passagem é paga pelo governo do Acre. A assessoria de imprensa local não se pronunciou.

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Novo espaço

Mesmo lotado, o abrigo provisório terá de ser fechado no próximo dia 28, quando vence o contrato de aluguel feito entre a Prefeitura e o dono do terreno. A administração municipal promete abrir entre agosto e setembro um centro permanente para acolher imigrantes. "Ainda estamos estudando onde vamos abrigá-los no período entre o fechamento do (abrigo) provisório e a abertura do permanente. Uma das possibilidades é renovar o contrato de aluguel", diz Camila.