Quase três anos depois de lançar a primeira campanha gratuita de castração de cães, Curitiba retoma, efetivamente, a caminhada para ampliar seu conjunto de ações voltadas para a proteção animal. Com uma verba garantida de R$ 1,14 milhão, a capital deve inaugurar, até julho do próximo ano, o Centro de Referência de Atendimento a Animais em Risco (Crar), que funcionará como uma espécie de abrigo temporário para animais em situações de maus-tratos. O local escolhido fica ao lado do Centro de Controle de Zoonoses, na divisa dos bairros Cidade Industrial de Curitiba e Caiuá.
A intenção inicial era de que o Crar recebesse um espaço próprio, em um terreno próximo ao zoológico. Mas, por questões financeiras, a ideia foi abortada. “Para construir neste espaço [próximo ao zoo] a gente precisaria de mais recursos, porque lá só tem o terreno e nada mais. Construindo junto ao CCZ nós vamos conseguir economizar com funcionários, como os que prestam limpeza, e também vamos conseguir ter mais agilidade em todo o processo”, acrescentou o coordenador da Rede de Defesa e Proteção Animal, Paulo Roberto Colnaghi.
A ideia é que o projeto, se levado adiante nas próximas gestões, junto com as campanhas de posse responsável e de castração, ajude a “estabilizar” a população de animais de rua do município em um tempo mínimo de dez anos.
Se a promessa – defendida por Gustavo Fruet nas eleições de 2012 – se concretizar, Curitiba passará a fazer parte do pequeno grupo de municípios brasileiros (que tem, por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro) que levaram para frente suas propostas de bem-estar animal e decidiram assumir as responsabilidades por cães e gatos em situações de risco nas ruas. A capital paulista abriga, inclusive, o único hospital veterinário público do Brasil, inaugurado em 2014 por meio de uma parceria do município com a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa).
Somente no Brasil, segundo dados da OMS, 30 milhões de animais vivem nas ruas. Em Curitiba, a Rede de Proteção Animal estima uma população em torno de 40 mil, dimensão que, de certa forma, impulsionou as discussões em torno da implantação do Centro de Referência de Atendimento a Animais, que funcionará com propostas distintas de um hospital veterinário.
“Em primeiro lugar, é importante que fique bem claro que o Crar não será um hospital veterinário”, ressalta o coordenador da Rede de Defesa e Proteção Animal, Paulo Roberto Colnaghi. “O centro vai se dedicar ao atendimento a cães e gatos que não tenham dono e estão em alguma situação de risco nas ruas”, explica.
Além de cães e gatos, cavalos também receberão atendimento no Centro. O Crar também terá condições de prestar atendimento clínico de baixa e média complexidade ao cães, gatos e cavalos que para lá forem encaminhados.
Inicialmente, a prefeitura descarta a contratação, via concurso público, de novos médicos veterinários para trabalharem no local (o projeto pretende manter os três profissionais já contratados pelo CCZ), mas adianta que devem ser firmadas parcerias com universidades de Curitiba que possuem o curso de medicina veterinária para ampliar a mão de obra especializada no espaço. Outras parcerias devem ser feitas com clínicas veterinárias da cidade aptas a prestarem serviço de alta complexidade aos animais que precisarem de procedimentos mais complexos.