*Carolina – que foi abusada continuamente pelos pais – disse, em depoimento à Justiça, que sentia muito sono durante as aulas. Motivo: o pai se deitava com ela e não a deixava dormir a noite toda. A menina teve dificuldades escolares, mas este seria o menor dos traumas da garota. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que a criança submetida a abusos na sua primeira década de vida fica exposta a condições futuras danosas, como depressão, alcoolismo, tabagismo, abuso de drogas ilícitas, propensão ao suicídio e comportamento sexual de risco. “É uma morte em vida. Nas audiências, mais de 80% das crianças dizem que não superaram os traumas. É algo que destrói não só a vítima, mas todo o núcleo familiar”, diz a promotora Tarcila Santos Teixeira.
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Por isso, a rede de apoio é importantíssima. A psicóloga Lídia Weber, professora e pesquisadora da UFPR, destaca que é imprescindível o desenvolvimento de programas escolares, de conselhos tutelares e de profissionais de saúde que lidem diretamente com as vítimas.
“A psicoterapia, nesses casos, vai ajudar a criança a compreender que não é culpada [pela violência], a lidar com seus sentimentos, classificar seus valores e escolhas de vida, além de ajudá-la com crises de raiva, dificuldades de comunicação, rebaixamento de autoestima e sinais de depressão”, diz. “Em todas as confirmações [de que as crianças sofreram abusos sexuais], elas vão ter acompanhamento multidisciplinar, com psicólogo e serviço social. Mas as situações são lamentáveis e os traumas, muito severos”, disse a médica Maria Cristina Silveira.