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Invasão de privacidade

Ação contesta escuta em presídios federais

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai entrar na Justiça para tentar obrigar o governo federal a retirar os equipamentos de gravação nos parlatórios, locais em que se realizam as conversas entre advogados e presos, das qua­­­tro penitenciárias federais do país. A entidade também pre­­tende denunciar o Estado brasi­­­­lei­­­­ro à Organização dos Estados Americanos (OEA) por vio­­lações aos direitos humanos e ­­­­às prerrogativas dos advogados. ­­­A decisão foi tomada on­tem pelo Conselho Federal da entidade.

Além de questionar as escutas, a OAB pretende entrar com representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz federal Odilon de Oliveira, do Mato Grosso do Sul. O juiz autorizou escutas no parlatório da Penitenciária Federal de Campo Grande. Em 2008, conversas dos traficantes Juan Abadia e Fernandinho Beira-Mar com seus advogados foram monitoradas e a investigação revelou que eles planejavam sequestros.

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, promete usar "todos os meios jurídicos possíveis" para desativar o monitoramento no presídio de Campo Grande. Segundo o site Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), as gravações feitas na penitenciária foram parar no site You Tube. O sigilo nas conversas entre clientes e advogados é protegido pela Carta ­­­da OEA e garantido pela Cons­­tituição Federal e pelo Estatuto da Advocacia.

Mestre em Direito e doutor em Direito Penal, o advogado e professor Jacinto Nelson de Miranda Coutinho apoia a iniciativa da OAB. "Houve abuso de autoridade por parte do juiz", afirma. "A autorização judicial tem de ser concedida em conformidade com a lei." Para Cou­tinho, a es­­­cuta ­­in­­­viabiliza o exercício da advocacia.

No projeto

Um documento oficial do Depen (Departamento Penitenciário Federal) informa que as penitenciárias federais já foram construídas com o sistema de gravação. "Só usamos com autorização da Justiça. Não estamos lidando com seminaristas, mas com os criminosos mais perigosos do Brasil", comenta o diretor do Sis­­­tema Penitenciário Federal, Sandro Avelar. "Os monitora­­­mentos são pontuais". Sete agentes penitenciários do pre­­­sídio do Mato Grosso do Sul afir­­­­mam que as escutas também eram feitas nas dependências reservadas a encontros íntimos dos presos.

O Ministério Público Federal (MPF) no Mato Grosso do Sul nega ter conhecimento de esquemas de gravação nos presídios. Porém, na Polícia Federal (PF), há um in­­­quérito em andamento, que ­­­corre ­­­em segredo de Justiça, para apu­­­­rar a existência de escutas ­­­não autorizadas. Em São Paulo e ­­no Rio de Janeiro, ao menos ­­­17 advogados foram investiga­­­dos pela polícia e pelo Minis­­­tério Público por transmitirem ­­recados e favorecer facções criminosas. Por lei, as conver­­­sas deveriam ser invioláveis. ­­O Ministério da Justiça infor­­­mou que não pretende retirar ­­os equipamentos.

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