Numa ação dura, a Polícia Militar (PM) teria usado bombas de efeito moral, espingardas calibre 12, balas de borracha e cassetetes para acabar com uma festa de aniversário na Vila Quissisana, em São José dos Pinhais. Para entrar na residência, os policiais teriam quebrado um portão de madeira e, com as ripas, passaram a agredir os convidados dos aniversariantes. Cerca 30 pessoas estavam na festa, das quais pelo menos 15 foram agredidas. De acordo com testemunhas, mulheres e crianças também foram vítimas de violência e ameaças. O fato ocorreu ontem de madrugada.
A confusão durou cerca de uma hora. A polícia prendeu dez pessoas no local, das quais três foram feridas no tumulto. Elas foram levadas para o pronto-socorro de São José dos Pinhais. Um rapaz continua internado em estado de coma. Já a casa ficou revirada, com roupas espalhadas, gavetas remexidas, cacos de vidros da janela espalhados por todos os lados e a forma de bolo virada em cima da mesa.
Segundo a aposentada Maria Alexandrina Eugênia Pacelli, 48 anos, a polícia invadiu o imóvel no meio da festa. "Era o aniversário de dois filhos e um genro, uma festinha de família. Talvez o som estivesse um pouco alto", disse. "Era meia-noite e meia quando a Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel) chegou e a gente foi tentar conversar com eles, mas não teve jeito. De repente alguém jogou um tijolo na viatura e eles invadiram a casa. Foram batendo nas mulheres, nas crianças, em todos. Ainda conseguimos entrar com as crianças no banheiro, mas os homens continuaram apanhando lá fora. A gente pediu para parar, mas eles continuaram a bater, muito", contou.
Maria, que tem cinco pontes de safena e é obesa, disse que foi jogada no corredor e que, pouco antes, uma das bombas explodiu na sua perna. "Eu nunca imaginei isso. Foi horrível. Não somos bandidos", afirmou.
Sem mandado
Segundo Edemilson Lourenço de Souza, 36 anos, a polícia invadiu a casa porque a festa ia continuar. "Eles entraram aqui sem ordem judicial. Deram uma ripada na minha testa levei três pontos. Depois começaram a bater na minha mãe, na minha irmã e no meu cunhado, nas crianças e até no cachorro, xingando todo mundo", descreveu.
Já a operadora de telemarketing Laise Paceli, 19 anos, contou que foi presa porque perguntou o nome dos policiais. "Os policiais invadiram a minha casa, quebraram os vidros da janela, derrubaram o sofá, jogaram a mesa, bateram nas mulheres e colocaram os homens para fora. Eu falei que tinha o direito de saber o nome deles e o porquê de tanta agressividade. Em seguida, um tenente me xingou e agrediu. Levei sete tapas no rosto estou com o maxilar deslocado", disse.
Laise era uma das pessoas que comemorava o aniversário na oportunidade. "Quero justiça. A polícia existe para nos defender. Quem vai pagar o nosso prejuízo, a nossa humilhação?", questionou. Uma adolescente de 14 anos disse que os policias ameaçaram matar os adultos se as crianças começassem a chorar. "Eles não tinham o direito de nos ameaçar", completa.
Polícia
A Polícia Militar informou que houve vários registros de vizinhos naquele dia, todos reclamando de perturbação de sossego na Vila Quissisana, em São José dos Pinhais. "A PM não faz uma coisa dessas de forma irresponsável. Se houve excessos, o fato será apurado numa sindicância", afirmou um oficial da PM. Segundo a Delegacia de São José dos Pinhais, as pessoas detidas na confusão serão investigadas por desacato à autoridade e danos ao patrimônio público.
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