A reação violenta da PM contra os protestos pela redução da tarifa do transporte público de São Paulo, na última quinta-feira, gerou diversas reações de autoridades pelo país.
O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, considerou que houve "excesso" e "abuso" por parte de alguns policiais que entraram em confronto com manifestantes em São Paulo. Centenas de pessoas ficaram feridas, entre elas pelo menos sete jornalistas.
"Tivemos uma situação que, evidentemente, não podemos aceitar. Para mim, do que vi de imagens, do que recebi de informações, houve situações de violência policial que considero inaceitável", disse, em Brasília.
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) afirmou que não se deve admitir "em hipótese alguma" violência nem dos manifestantes nem dos policiais. Para Ideli, os motivos que levaram ativistas a organizar atos nas duas metrópoles são legítimos. "O transporte é caro e insuficiente", disse. Um novo protesto, dessa vez pacífico, aconteceu ontem em Niterói, no Rio de Janeiro.
Reunião
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) manteve o duro discurso. Ele classificou as manifestações do Movimento Passe Livre (MPL) de ações "políticas" e de "vandalismo". O prefeito Fernando Haddad (PT) convidou lideranças do grupo para uma reunião no Conselho da Cidade na próxima terça-feira, 11. Um dia antes está marcado outro ato, no Largo da Batata, em Pinheiros, com mais de 100 mil pessoas confirmadas via redes sociais.
"O Movimento Passe Livre" terá espaço para apresentar suas propostas sobre o transporte público", disse Haddad.
O prefeito ressaltou que o convite não significa que o governo tenha a intenção de reduzir a tarifa reajustada recentemente de R$ 3 para R$ 3,20. "O Movimento Passe Livre nos pediu espaço para discutir o tema, estamos abrindo debate", afirmou Haddad.
Érica de Oliveira, 22 anos, uma dos representantes do movimento, disse que o MPL ainda não recebeu nenhum convite da prefeitura. "Se receber, vamos negociar."
O estudante de História da Universidade de São Paulo (USP) Caio Martins, de 19 anos, representante do movimento, afirmou ser positiva a iniciativa. Ele disse, no entanto, que a presença do grupo na reunião ainda vai ser discutida coletivamente. "Haddad deu várias entrevistas falando que chamou o movimento para conversar, mas é a primeira vez que isso acontece", afirmou Martins.
RepercussãoOs protestos geraram reações no Brasil e no mundo. Algumas delas, bem-humoradas
Da Turquia: Líderes dos movimentos que se manifestam contra o governo turco, em Istambul, demonstraram ontem solidariedade em relação aos colegas brasileiros que foram às ruas.
Revolta da Salada: Uma página na Wikipedia foi criada classificando a data de 13 de junho como "Revolta da Salada", em menção ao jornalista que foi preso portando vinagre, que é usado para atenuar os efeitos do gás lacrimogêneo.
Marcha do Vinagre: Manifestantes também convocaram pelas redes sociais a Marcha pela Legalização do Vinagre, em alusão à prisão de manifestantes que portavam o produto.
Reprodução/Polícia Pacífica
Virou piada: A foto de um policial militar usando spray de pimenta contra um cinegrafista virou "meme" piada que se reproduz com velocidade em montagens na internet. As versões incluem o PM paulista matando insetos, passando desodorante ou ainda pichando um muro.
Brazil: Dezenas de manifestações estão sendo organizadas em cidades ao redor do mundo em apoio aos protestos realizados no Brasil. Cerca de 30 eventos estão sendo organizados por brasileiros que vivem no exterior e por estrangeiros que ficaram indignados com a ação violenta da polícia.
"Vem pra Rua": O refrão "Vem pra rua, que a rua é a maior arquibancada do Brasil", da campanha publicitária de uma montadora de automóveis, virou a trilha sonora de vídeos convocando os manifestantes para o próximo protesto, programado para segunda-feira em diversas cidades do país.