O então governador à época em que ocorreu o massacre do Carandiru, Luiz Antonio Fleury Filho, prestou ontem depoimento no Júri Popular sobre o caso, que ocorre no Fórum da Barra Funda, em São Paulo. O ex-governador disse não ter dado a ordem para a invasão policial ao presídio, quando 111 presos foram mortos em 1992. Mas garantiu que, se estivesse em São Paulo naquela dia, teria dado a autorização.
"Não dei ordem para a entrada. Mas a entrada foi absolutamente necessária e legítima. Se estivesse no meu gabinete, teria dado [a autorização para a invasão da polícia]. A polícia não pode se omitir", disse ele durante o depoimento.
A Polícia Militar entrou no Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru pouco depois do início de uma rebelião de presos. Segundo Fleury Filho, a informação era a de que alguns presos haviam morrido, após uma briga entre os próprios detentos.
Durante o depoimento, o ex-governador assumiu a responsabilidade política pelo episódio, mas negou qualquer outra. "A responsabilidade política do episódio é minha. A criminal cabe ao tribunal responder".
"Incontestável"
O ex-secretário de segurança de São Paulo Pedro Franco de Campos também depôs ontem e afirmou que "a necessidade de entrada da Polícia Militar na Casa de Detenção era absolutamente incontestável".
Campos disse que foi informado pelo coronel Ubiratan Guimarães de que era necessário invadir o pavilhão 9 do Complexo do Carandiru devido à rebelião que ocorria no local. Segundo ele, as autoridades temiam que o confronto entre presos se estendesse também para o pavilhão 8. "Havendo necessidade, o senhor está autorizado a entrar", disse ele ao coronel que comandou a invasão.
O ex-secretário, hoje procurador de Justiça, disse não saber se a facção PCC surgiu por conta do massacre. "Depois que saí não tive interesse em segurança pública nem em assuntos penitenciários",
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