O Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato) entrou com um mandado de segurança na Justiça para tentar obrigar a Secretaria de Estado da Educação (Seed) a rever a classificação do Processo Seletivo Simplificado 2011, o PSS. Professores inscritos na seleção alegam que houve falhas no sistema de inscrição e defendem a realização de um novo PSS. Ao todo, 8.359 professores e funcionários impetraram recursos administrativos contra a secretaria, argumentando que o sistema apresentou problemas, e que induzia ao erro. A Seed negou grande parte dos pedidos.
A ação judicial proposta pela APP-Sindicato foi protocolada na última quinta-feira. Ontem, os professores fizeram uma manifestação em Curitiba. Cerca de 200 educadores se reuniram em frente ao prédio da Seed. Cinquenta docentes, junto com representantes da APP, participaram de uma reunião para analisar os casos.
A Seed alega que apenas em 14 inscrições a Companhia de Informática do Paraná (Celepar) detectou erros de sistema. As pessoas prejudicadas foram reclassificadas. De acordo com a superintendente de Educação da Seed, Meroujy Cavet, os pedidos indeferidos foram revistos e a explicação é de que grande parte dos candidatos não soube mexer com o sistema. "Vamos honrar o edital. Não será justo com os professores que leram atentamente e não erraram. Lamentavelmente, quem errou deve assumir o equívoco". De acordo com ela, os professores classificados no PSS começarão a ser chamados nos dias 1.º e 2 de fevereiro. No total, foram 447.013 inscrições no processo (cerca de 250 mil educadores, já que, dependendo da habilitação, há possibilidade de lecionar em até três disciplinas).
A presidente da APP Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, disse que a classe não aceitará esta justificativa. "Queremos a suspensão do processo e uma saída justa para esta situação. Não aceitamos o argumento de que a falha é do candidato". A APP entregou documentos e protocolou ofício na Casa Civil, para que o governo tome conhecimento de todos os casos. "Vamos mandar a documentação com exemplos para o Ministério Público e para o governador do estado".
Queixas
Professores e educadores que atuam há anos no estado alegam que houve injustiça na classificação da lista de convocados, e que o fato do sistema não permitir correções após o envio prejudicou os docentes. A professora de História Jacqueline Cardoso, que se inscreve no PSS desde 2006, conta que nos outros anos sempre ficou entre os 100 primeiros da lista. No de 2011, sua colocação caiu para o número 219. "Eu fiz tudo correto e estava tranquila. Quando fui ver o resultado, vi que colegas inexperientes estavam na minha frente". Jacqueline acredita que alguns colegas podem ter sido desonestos, colocando no cadastro cursos que não realizaram. "Se isso aconteceu, será resolvido quando o professor comparecer para a inscrição e comprovar o que ele escreveu", declarou Meroujy.
A técnica-administrativa Sueli Zinke França disse que a sua inscrição foi enviada, mas, na impressão, não apareceu nenhum dos cursos e capacitações que realizou deixando ela na colocação número 4 mil. A Seed analisou o caso dela na reunião de ontem, e disse que Sueli não confirmou a inscrição. "Se consegui imprimir, como que não está confirmado?", questionou. "Tenho 15 anos de estado e uma menina que nunca trabalhou ficou bem classificada na lista. Não tive como voltar e tentar inserir novamente minhas qualificações, e a Seed diz que a culpa é minha, porque isso já estava previsto no edital. Não importa se o erro é meu ou do sistema, deveria ter um caminho para que a gente pudesse corrigir".