Apesar dos avanços nos últimos anos, Curitiba ainda tem muito a evoluir em relação à acessibilidade no mobiliário urbano. A afirmação é do presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná, Mauro Nardini, que reforça a dificuldade em se locomover pela cidade. O tema será debatido hoje em seminário organizado pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR). O encontro discute a adequação de políticas públicas e projetos arquitetônicos que priorizem a mobilidade urbana.
Com o tema "Acessibilidade: Responsabilidade Profissional", o seminário, que acontece no auditório azul do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), reúne engenheiros, arquitetos e representantes da prefeitura de Curitiba e dos governos estadual e federal. "As cidades e os profissionais têm que se preocupar com a acessibilidade, não só de pessoas com deficiência mas também de idosos, gestantes e obesos", lembra o engenheiro civil e ouvidor-geral do Crea-PR, Antônio Borges dos Reis.
Segundo ele, é preciso chamar a responsabilidade dos profissionais incubidos dos projetos. "Infelizmente, a maioria desses profissionais ainda não acordou para o problema. Os que atentam são os que possuem algum caso de deficiência na família", acredita.
A intenção do evento é conscientizar arquitetos e engenheiros e fazer com que a acessibilidade já esteja incluída nas novas edificações. "Além da falta de conscientização há também a falta de compromisso político. Não adianta fazer leis e não colocá-as em prática", diz Reis.
A lei federal 10.098, de 2000, estabelece normas e critérios para a promoção da acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida. Em Curitiba, lei municipal similar foi sancionada em 2004. Mas só a partir do mês que vem a prefeitura deve reforçar a exigência da acessibilidade em novas construções, restaurações e ampliações. "Temos um amplo projeto de adequação da mobilidade urbana", afirma o superintendente da Secretaria Municipal de Urbanismo, Júlio Mazza de Souza. "A discussão leva à divulgação e à conscientização das normas e suas reais necessidades", reforça.
Apesar da boa intenção do seminário, a solução para o problema vai muito além de novas construções. "As calçadas da cidade são horríveis, esburacadas e escorregadias. A maioria dos estabelecimentos comerciais não possui banheiros adequados, os elevadores dos tubos (ônibus) estão estragados, não há vagas especiais em muitos estacionamentos e as guias rebaixadas não seguem as normas da ABNT", reclama Nardini.