Números mostram que Estado não está presente da mesma forma nas diferentes regiões do país| Foto:

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a presença do Estado no Brasil mostra um país bastante desigual no acesso à educação, à saúde e à cultura. Apesar de reconhecer avanços na distribuição de renda, a pesquisa do instituto mostra que as populações do Norte e do Nordeste do país têm mais dificuldade de acesso aos serviços básicos do Estado do que os moradores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

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Na área da saúde, o que mais chama a atenção é a falta de mé­­dicos em alguns estados do país. Sergipe, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo chegam a ter mais do que três vezes mais médicos do que o Mara­­nhão, por exemplo. Para cada mil sergipanos, existem 4,2 médicos atendendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto no Maranhão esse número cai para 1,3. Com 3,4 médicos por cada mil habitantes, o Paraná está próximo da média nacional, que é de 3,1. Os dados são do Ministé­­rio da Saúde.

Incentivos

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Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM), Carlos Roberto Goytacaz Rocha, faltam incentivos para que os médicos trabalhem nas regiões mais desassistidas do país. O salário e a qualidade do trabalho são alguns dos motivos. "A falta de interesse dos médicos em trabalhar no interior ou em outras regiões se deve, em parte, aos baixos salários pagos pelo sistema público e às deficiências de estrutura do sistema, tanto na parte de exames como de equipe. O número excessivo de pessoas a serem atendidas também prejudica muito o trabalho do profissional em locais onde há poucos médicos", comenta.

Ensino

Já a educação se mostra, também, um gargalo para as regiões mais pobres do país, especialmente no ensino médio. En­­quanto no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste a porcentagem de jovens matriculados oscila entre os 53% e 68%, no Nordeste e no Norte quase todos os estados têm mais da metade dos adolescentes fora da escola – apenas Sergipe e Bahia superam os 50% de frequência líquida. Em Rondônia e no Acre, menos de um terço dos jovens estão matriculados.

Para o conselheiro do Movi­­mento Todos pela Educação Mozart Neves Ramos, essa situação pode ser qualificada como "crítica". "É muito importante registrar que a educação é o único vetor [entre os temas avaliados pelo Ipea nesse estudo] capaz de alavancar o desenvolvimento social e econômico de um país", afirma. Logo, essa discrepância entre os estados ricos e pobres tende a piorar o abismo socioeconômico entre essas regiões. Entretanto, Mozart pontua que mesmo as unidades da federação que estão acima na tabela, como o Distrito Federal, estão muito distantes do ideal.

A solução para evitar a evasão apontada pelo estudo do Ipea é uma melhora no próprio ensino, o que passa pela formação dos professores. Entretanto, aí está outra desigualdade marcante na educação brasileira: enquanto no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste mais de 80% dos professores de ensino fundamental têm ensino superior completo, no Norte e no Nordeste esse índice está pouco acima dos 50%.

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Mozart aponta ainda outro problema: a própria formação dada pelas universidades hoje é deficiente. Para ele, a formação dos professores passa longe da realidade das escolas e é exageradamente focada em questões teóricas. Logo, o investimento em educação teria de ser tanto em quantidade quanto em qualidade.

Serviço:

Leia o relatório completo em PDF no site do Ipea. http://bit.ly/w1sPPQ