Tubos que seriam usados na duplicação da PR-417 estão abandonados na margem da rodovia: obra está paralisada há três anos| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Em três cidades, projetos mesmo só no papel

Quem mora em Almirante Tamandaré também está em compasso de espera. A principal via de acesso à cidade está esburacada e vive congestionada. Segundo a prefeitura, o trajeto até Curitiba pela Rodovia dos Minérios (PR-092), que demorava 15 minutos antigamente, hoje é feito em, no mínimo, 40 minutos por causa do alto fluxo de veículos.

Já a ampliação da Estrada do Cerne (PR-090), principal via de acesso de Campo Largo, está em fase de projetos. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da cidade, o documento que balizará a extensão de 14 quilômetros da via deverá ficar pronto em até 90 dias.

Estrada do Xisto

A prefeitura de Araucária, por sua vez, informou que mantém uma proposta de parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para urbanizar a Rodovia do Xisto (BR-476), via federal, com iluminação e passarelas. Além disso, planeja construir pista exclusiva para ônibus na Avenida das Araucárias. A administração municipal, porém, não citou prazos para execução de nenhum dos planos. (RM)

CARREGANDO :)

Ritmo acelerado

Copa do Mundo e iniciativa privada impulsionam obras em outras cidades

Enquanto a longa espera por obras é regra para quem mora em cidades ligadas a Curitiba por vias administradas pelo poder público, a população de municípios cujas rodovias estão sob concessão da iniciativa privada ou fazem parte de projetos da Copa de 2014 veem as obras seguirem a todo vapor.

Quem mora em Fazenda Rio Grande, por exemplo, já passa pelas tão sonhadas obras para melhorar sua integração viária. Segundo a Autopista Planalto Sul, concessionária responsável pelo trecho da BR-116 entre o município e Curitiba, serão duplicados sete quilômetros, sendo que parte do trajeto já recebeu camada de asfalto, além de duas passarelas.

Já em Campo Largo, cidade cuja principal via de acesso está sob concessão da CCR Rodonorte, a transposição da BR-277 já está em andamento. Segundo a prefeitura local, a obra orçada em R$ 70 milhões está sendo realizada pela empresa desde abril do ano passado e deve ser concluída até setembro deste ano.

No que tange aos acessos, porém, são os moradores de São José dos Pinhais que mais têm motivos para sorrir. A cidade que abriga o Aeroporto Afonso Pena terá ampliados dois dos seus principais acessos: a Avenida Marechal Floriano, continuação da Avenida das Américas, e a Avenida das Torres. Além disso, contará com um terceiro acesso a partir da junção da Avenida Salgado Filho, em Curitiba, com a Rua Joaquim Nabuco. Todas as obras devem ser concluídas até abril de 2014. (RM)

A PR-415 recebe manutenção, mas não a sonhada ampliação

Um dos motores do desenvolvimento das cidades, a integração viária é o calcanhar de Aquiles da maioria dos municípios que fazem limite com Curitiba. Algumas das nove cidades da região metropolitana (RMC) lindeiras à capital ainda aguardam intervenções que facilitariam o deslocamento de seus moradores e de cargas produzidas em empresas locais.

Publicidade

A duplicação da PR-415, por exemplo, está longe de começar. Considerada uma das obras mais aguardadas, a ampliação da via, também conhecida como Avenida Leopoldo Jacomel, poderia reduzir os congestionamentos constantes e a incidência de acidentes na pista que liga Curitiba a Pinhais e Piraquara. De acordo com o governo do estado, que recebeu no ano passado um abaixo-assinado com 12 mil assinaturas pedindo celeridade na intervenção, o projeto da obra, que balizará a duplicação de 13,9 quilômetros, deverá custar até R$ 2,5 milhões e será entregue neste ano.

Atraso

Não menos aguardada, a duplicação da PR-417, via mais conhecida como Ro­­­dovia da Uva, está parada há três anos. "Houve problemas de licitações anteriores e três empresas desistiram da obra", justifica Rui Kiyoshi Hara, coordenador-geral da Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba), sobre as intervenções necessárias na pista que liga Curitba a Colombo.

Um atraso que prejudica o município. Segundo a prefeitura colombense, a cidade é responsável pela produção de cerca de 40% dos produtos agrícolas consumidos em Curitiba e abrigo de empresas do setor moveleiro e metalúrgico, que se instalaram ali justamente pelas promessas de revitalização da rodovia.

Em um trecho de acostamento da rodovia, a reportagem encontrou abandonada quase uma dezena de tubos de mais de cinco metros de comprimento e 50 centímetros de diâmetro. Para o empresário João Carlos Domingues, 56 anos, que trabalha ao lado do depósito improvisado, o material é resquício da obra inacabada. "Há dois anos, eles começaram enterrando alguns desses tubos e depois largaram esses por aqui", afirma.

Publicidade

De acordo com o Depar­­tamento de Estradas de Ro­­dagem do Paraná, o projeto na Rodovia da Uva teve de ser refeito, já que o inicial não continha informações sobre calçamento, iluminação e ciclovia. Uma nova licitação deverá ser concluída até junho deste ano. A obra está orçada em R$ 37 milhões.

"Não estarei vivo para ver a obra concluída"

Nas cidades em que as obras nos acessos ainda não começaram, moradores reclamam da situação de suas rodovias. Na Avenida Leopoldo Jacomel, que registra movimento médio de 20 mil veículos no horário de pico, a cirurgiã-dentista Ana Paula Franco, 25 anos, se queixa do trânsito. "Todos os dias, no final da tarde, busco meu filho na escola em Curitiba e levo uma hora e meia na volta para casa." Ela recém-adquiriu um apartamento em Pinhais.

Moradora de Piraquara, Gilda Maria Mendes, 51 anos, montou um trailer para vender lanches na beira da Leopoldo Jacomel. Ela conta que toda a semana ocorrem acidentes na estrada. Segundo estudo feito pelos organizadores do "Movimento Duplica Já", o trecho entre Pinhais e Piraquara registrou 147 acidentes em 2011.

Descrédito

Publicidade

Já moradores de Colombo veem com descrédito a conclusão da intervenção na Rodovia da Uva. "Acho que não estarei vivo para ver a obra concluída", desabafa Antônio Plácido Marin, 72 anos, dono de uma borracharia em um posto de combustíveis da via. Opinião semelhante tem o empresário João Carlos Domingues, 56 anos, há 21 na região. "Recentemente, ampliaram o acostamento colocando os postes mais longe das vias. Mas acho que é só fachada".