A investigação sobre o acidente com o Airbus A330 da companhia Air France na costa brasileira ganhou impulso ontem com a localização de novos pedaços do avião, reavivando as esperanças de descobrir uma solução para o enigma da tragédia que deixou 228 mortos no dia 1.º de junho de 2009. "Durante as operações de busca no mar realizadas nas últimas 24 horas e dirigidas pelo WHOI (Woods Hole Oceanographic Institution), a equipe a bordo do navio Alucia localizou destroços do avião", indicou o Escritório de Investigação e Análises (BEA), órgão francês encarregado das buscas.
"Esses destroços foram identificados pelos investigadores do BEA como pertencentes ao avião A330-203, voo AF-447", acrescentou o organismo francês em um comunicado indicando que "informações complementares serão divulgadas no futuro". Os investigadores têm "esperanças" de encontrar as caixas-pretas do avião. "A notícia favorável é que os destroços estão relativamente concentrados. Devido a isso, temos esperanças de encontrar as caixas-pretas", afirmou o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec.
Apenas as caixas-pretas, que registram os dados do voo e as conversas dos pilotos, podem explicar com exatidão o que causou e como ocorreu o acidente. Perguntado sobre o que já foi localizado, Troadec disse que foram encontrados "os motores e algumas partes da asa". O diretor do BEA explicou que os submarinos Remus, pequenos equipamentos de quatro metros de comprimento, indicaram indícios da presença de destroços do avião.
Um segundo mergulho dos aparelhos foi feito com uma câmera para confirmar a localização dos destroços. Até o momento, o BEA considera que a falha das sondas de velocidade era um dos elementos que explicam o acidente, mas que esta pode não ser a única causa da catástrofe. Essas sondas chamadas de Pitot, fabricadas pela francesa Thales, tinham problemas de congelamento em altas altitudes, que as tornavam inoperantes.
"Esta localização, apenas alguns dias após o lançamento da quarta fase de buscas no mar financiada pela Air France e pela Airbus, é uma notícia muito boa porque traz esperanças de que possamos finalmente obter informações sobre as causas desse acidente até hoje inexplicado", declarou o diretor executivo da Air France, Pierre-Henri Gourgeon. "Talvez possamos dar respostas às questões que foram colocadas depois do dia 1.º de junho de 2009 pelas famílias das vítimas, por nossa companhia e por toda a comunidade aérea mundial relacionadas aos fatos que levaram a esse trágico acidente", acrescentou Gourgeon.
O BEA iniciou no dia 25 de março uma quarta fase de buscas no mar para encontrar os destroços do voo AF-447, que desapareceu no Oceano Atlântico em 1.º de junho de 2009. As causas exatas da tragédia ainda não foram elucidadas. A nova fase de buscas foi iniciada em uma zona de 10 mil quilômetros quadrados, ou seja, um raio de 75 quilômetros em torno da última posição conhecida do voo.