Justiça
Em março, Air France e Airbus foram indiciadas
A Justiça francesa indiciou a Airbus e a Air France no mês passado pelo acidente com o voo AF-447 que matou 228 pessoas em 2009. A fabricante de aviões e a companhia aérea são acusadas por homicídio culposo (não intencional). A abertura oficial de investigação a "mise en examen", no vocabulário jurídico da França significa que os juízes de instrução do caso consideram que há elementos indicando possível responsabilidade em um crime. No caso do voo AF-447, a Airbus e a Air France são suspeitas de terem negligenciado o risco de falhas nos sensores de velocidade das aeronaves, os "tubos de Pitot".
Segundo mensagens automáticas enviadas pelo aparelho antes da queda, essas sondas apresentaram falha, o que em tese pode ter provocado o desligamento em cadeia de sistemas eletrônicos de navegação da aeronave, induzindo a tripulação a possíveis falhas de avaliação. Essa hipótese foi levantada nos primeiros dias após o acidente e é considerada pelo Escritório de Investigação e Análises (BEA), órgão responsável pela investigação, como uma das possíveis origens do acidente.
No dia do anúncio da decisão da Justiça, o diretor-presidente da Airbus, Thomas Enders, protestou contra a decisão. "Nós desaprovamos, julgamos prematura", disse, garantindo que a empresa continuará a "cooperar com a investigação e para a realização da próxima fase de busca das caixas-pretas".
A investigação sobre o acidente com o Airbus A330 da companhia Air France na costa brasileira ganhou impulso ontem com a localização de novos pedaços do avião, reavivando as esperanças de descobrir uma solução para o enigma da tragédia que deixou 228 mortos no dia 1.º de junho de 2009. "Durante as operações de busca no mar realizadas nas últimas 24 horas e dirigidas pelo WHOI (Woods Hole Oceanographic Institution), a equipe a bordo do navio Alucia localizou destroços do avião", indicou o Escritório de Investigação e Análises (BEA), órgão francês encarregado das buscas.
"Esses destroços foram identificados pelos investigadores do BEA como pertencentes ao avião A330-203, voo AF-447", acrescentou o organismo francês em um comunicado indicando que "informações complementares serão divulgadas no futuro". Os investigadores têm "esperanças" de encontrar as caixas-pretas do avião. "A notícia favorável é que os destroços estão relativamente concentrados. Devido a isso, temos esperanças de encontrar as caixas-pretas", afirmou o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec.
Apenas as caixas-pretas, que registram os dados do voo e as conversas dos pilotos, podem explicar com exatidão o que causou e como ocorreu o acidente. Perguntado sobre o que já foi localizado, Troadec disse que foram encontrados "os motores e algumas partes da asa". O diretor do BEA explicou que os submarinos Remus, pequenos equipamentos de quatro metros de comprimento, indicaram indícios da presença de destroços do avião.
Um segundo mergulho dos aparelhos foi feito com uma câmera para confirmar a localização dos destroços. Até o momento, o BEA considera que a falha das sondas de velocidade era um dos elementos que explicam o acidente, mas que esta pode não ser a única causa da catástrofe. Essas sondas chamadas de Pitot, fabricadas pela francesa Thales, tinham problemas de congelamento em altas altitudes, que as tornavam inoperantes.
"Esta localização, apenas alguns dias após o lançamento da quarta fase de buscas no mar financiada pela Air France e pela Airbus, é uma notícia muito boa porque traz esperanças de que possamos finalmente obter informações sobre as causas desse acidente até hoje inexplicado", declarou o diretor executivo da Air France, Pierre-Henri Gourgeon. "Talvez possamos dar respostas às questões que foram colocadas depois do dia 1.º de junho de 2009 pelas famílias das vítimas, por nossa companhia e por toda a comunidade aérea mundial relacionadas aos fatos que levaram a esse trágico acidente", acrescentou Gourgeon.
O BEA iniciou no dia 25 de março uma quarta fase de buscas no mar para encontrar os destroços do voo AF-447, que desapareceu no Oceano Atlântico em 1.º de junho de 2009. As causas exatas da tragédia ainda não foram elucidadas. A nova fase de buscas foi iniciada em uma zona de 10 mil quilômetros quadrados, ou seja, um raio de 75 quilômetros em torno da última posição conhecida do voo.
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