Extensão da tragédia: acidente pegou moradores de surpresa| Foto: Carlos Eduardo Cardoso/ Agência O Dia

Causa

Falta de manutenção pode ser a explicação para o desastre

Agência Estado

Especialistas em gerenciamento de risco acreditam que a falta de manutenção deve estar entre as causas do acidente. Gustavo Cunha Mello, da consultora Correcta, lembra que o Brasil exporta tecnologia de monitoramento de dutos e que é possível fazer ressonância magnética em tubulações, com uso de robôs. "É preciso que se avalie a pressão nos dutos e se há fadiga de materiais. A falta de equilíbrio nos investimentos afeta a manutenção. A Cedae tem seis ou sete adutoras, não são tantas que dê para dizer que é difícil monitorá-las", disse.

O especialista Carlos Camargo criticou o fato de haver casas perto da adutora. "Quando há um processo de licenciamento para uma atividade, o órgão de ambiente avalia impactos e impõe condicionantes. Isso inclui área de exclusão", disse. Ele ressalta que a prefeitura do Rio permitiu a construção das casas na área. "Não existe fatalidade. Era um risco que foi negligenciado." No fim da manhã, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes estiveram no local para conferir os estragos e foram hostilizados por moradores. A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Núcleo de Defesa do Consumidor, informou que irá participar das negociações com a Cedae para a indenização rápida das vítimas do rompimento da adutora.

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"Era uma menina alegre, carinhosa. Ontem mesmo estava na rua, vestida de noiva, brincando. É uma tragédia perder alguém assim."

Sônia dos Santos Silva, de 53 anos, avó paterna da menina Isabela Severo da Silva, que morreu afogada.

Bombeiros socorrem vítima: morte e destruição

O rompimento de uma adutora da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) causou a morte de uma criança de 3 anos e deixou um rastro de destruição, ontem de manhã, no bairro Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro. O acidente feriu 17 pessoas, arrasou casas e veículos, e deixou 86 famílias desabrigadas. O volume de água chegou a 2 metros de altura e invadiu pelo menos três quarteirões. A Polícia Civil investiga as causas do rompimento. As informações são da Agência Brasil.

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Dezessete famílias desalojadas (70 pessoas) estão hospedadas em dois hotéis na região central de Campo Grande. A Defesa Civil interditou os imóveis e fez uma avaliação dos danos. As vítimas do vazamento receberam os primeiros atendimentos na Escola Municipal Casimiro de Abreu.

Dos 17 feridos, dez foram levados para o Hospital Es­ta­dual Rocha Faria e sete foram atendidos no local do acidente e liberados, de acordo com a equipe de resgate dos bombeiros. Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, apenas uma menina, de 8 anos, continua em observação no hospital. Os demais feridos já tiveram alta.

A menina Isabela Severo da Silva, de 3 anos, morreu por afogamento, segundo os bombeiros. Ela chegou a ser socorrida e reanimada no local, mas não resistiu a uma parada cardiorrespiratória e morreu no Hospital Rocha Faria, no mesmo bairro.

Outro lado

Em nota, a Cedae informou que irá custear o enterro e a prioridade é o atendimento às vitimas atingidas pelo vazamento de água. A companhia vai arcar com a hospedagem e alimentação dos moradores que perderam as casas.

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A Cedae disse não ter recebido chamado da região para re­paro em tubulações de menor porte ou de casas e "jamais houve qualquer conserto na tubulação, já que não tinha apresentado nenhum vazamento anteriormente". As tu­bulações de grande porte, como a adutora, "são monito­ra­das constantemente através do Centro de Controle Ope­ra­cional, que identificou o problema no fim da madrugada de hoje e imediatamente deslocou a equipe de manutenção para o local. Caso algum rompimento tivesse ocor­rido anteriormente, as con­sequências teriam sido semelhantes às ocorridas agora, portanto não seria possível o problema passar despercebido."