Belo Horizonte - O acidente com um trio elétrico que causou a morte de 16 pessoas e feriu outras 56, no domingo, causou comoção na pacata cidade de Bandeira do Sul, a 440 quilômetros de Belo Horizonte, na região sul de Minas. Uma multidão acompanhou o velório de sete corpos no ginásio municipal. Os outros nove mortos eram de cidades vizinhas Poços de Caldas, Botelhos, Machado e Campestre.
A tragédia ocorreu no encerramento do chamado "Carnaband", pré-carnaval iniciado na última sexta-feira. A suspeita é de que uma serpentina metálica tenha sido jogada sobre a rede elétrica e causado o curto-circuito que fez três cabos da rede de média tensão se romperem. A Polícia Militar (PM) estima que, no momento do acidente, cerca de 3 mil pessoas participavam da folia na Praça Nossa Senhora Aparecida, a principal da pequena cidade, de 5,3 mil habitantes.
Um dos cabos caiu sobre o veículo e dois no solo, com descarga de 7.967 volts. Segundo a PM, parte das vítimas estava sobre o trio elétrico, mas a maioria dos feridos e mortos estava no chão. Algumas vítimas foram atingidas diretamente pela corrente. De acordo com as testemunhas, porém, outras pessoas receberam a descarga ao tentar socorrer amigos ou parentes.
O trabalhador rural Silvio Miguel dos Reis, de 42 anos, deixou a "roça" para acompanhar o pré-carnaval e presenciou o momento em que os fios se romperam. "Deu fogo e teve muita correria, gente gritando... Ainda bem que eu não estava perto do caminhão", contou o lavrador, que conhecia quatro mortos. "É muito triste. Está todo mundo comovido. A cidade está toda fechada, nada abriu hoje [ontem]."
A maior parte dos mortos era formada por jovens e adolescentes. As dezenas de vítimas foram levadas para hospitais da região. A Santa Casa de Poços de Caldas recebeu 27 vítimas. Destas, quatro morreram após dar entrada no hospital. Até o fim da tarde de ontem, 12 pessoas continuavam internadas. Um adulto e uma criança permaneciam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A festa pré-carnavalesca foi realizada pela sexta vez no município. Segundo a prefeitura de Bandeira do Sul, no ano passado, a 5.ª edição do "Carnaband" levou um total de 8 mil pessoas às ruas da cidade nos três dias. O prefeito José dos Santos (PP) decretou luto oficial por três dias. "Só temos o carnaval antecipado. Sempre com o mesmo sistema e nunca tivemos problemas. Essa foi a primeira tragédia", lamentou. O acidente chegou a levar à pequena cidade o governador Antonio Anastasia (PSDB).
Inquérito
A Polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para investigar o caso. Ontem, o delegado Ademir Luiz Corrêa colheu os depoimentos do motorista e do proprietário do trio elétrico. Conforme Corrêa, o proprietário da carreta adaptada para trio elétrico, Jean Carlos Vieira, apresentou toda a documentação necessária e "o veículo está totalmente legalizado". "O caminhão está licenciado, autorizado pelo Detran para o trio elétrico, com altura correta e inspecionado pelo Inmetro", afirmou.
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