A mãe estava arrumando a casa. Quando percebeu, a filha, de 1 ano e 4 meses, já estava entalada dentro de uma panela de pressão. Ela brincava no chão com a panela. O caso ocorreu em Basileia, no interior do Acre, repercutiu nas redes sociais e levantou um alerta sobre a segurança dos pequenos dentro da própria casa. De acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, acidentes domésticos envolvendo crianças resultaram, somente no ano passado, em mais de 11,9 mil internações no Brasil.
O número de óbitos de 2015 ainda não está fechado. No balanço anterior, referente a 2014, foram contabilizadas 631 mortes de crianças de 0 a 14 anos e 11.300 internações. Entre as causas mais comuns de óbitos ou internações estão quedas, choques e afogamentos.
O pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, Eduardo Maranhão Gubert, relata que a maioria dos casos de acidentes infantis que chegam à instituição refere-se a quedas. São crianças que caem do sofá, da cama, do carrinho ou mesmo do trocador. Não é raro baterem a cabeça no chão e sofrerem traumatismo cranioencefálico. “As quedas acontecem principalmente com bebês. Os pais acreditam que, por serem pequenos ainda, não saem do lugar”, observa. Gubert reforça que é fundamental que crianças menores de 6 meses permaneçam presas em um bebê conforto ou no chão, caso já estejam começando a engatinhar.
Conforme o médico, casos de engasgo por peças de brinquedo, por sua vez, diminuíram bastante depois que a legislação do setor ficou mais firme. “O mais comum agora são engasgamentos por legumes não cozidos. Antes dos dois anos de idade, há esse risco. A criança ainda não tem todos os dentes”, completa.
Prevenção
Um dos ambientes mais perigosos para as crianças dentro de casa é a cozinha. O cômodo pode conter produtos de limpeza e existe o risco de eles serem ingeridos acidentalmente. Também oferece risco de queimaduras, principalmente por escaldamento. Sem falar nos utensílios cortantes. “Cozinha não é lugar de criança. Para evitar problemas, é importante que nunca fiquem sozinhas neste lugar. É piscar o olho que algo já pode acontecer”, enfatiza o pediatra.
Outro local que pode aparentar ser seguro, mas que também é arriscado, é o próprio berço dos bebês. Há o risco de sufocamento, seja pelo volume excessivo de almofadas ou cobertores, pela distância entre as grades do berço, ou, ainda, pelo vão entre o berço e o colchão. “O ideal é deixar a criança dormindo de barriga para cima e tentar evitar esse vão do berço”, orienta o médico.
Gubert salienta que é essencial que os pais adotem em casa medidas preventivas para evitar problemas futuros. “Falamos muito de prevenção porque depois que acontece, pode ser que não possamos mais corrigir o que aconteceu”, pontua.
De acordo com a ONG Criança Segura, estima-se que 90% dos acidentes envolvendo crianças possam ser evitados a partir de medidas como a adoção de ações educativas, modificações no ambiente e cumprimento da legislação.
Dicas práticas para escapar de armadilhas em casa
Veja algumas dicas para evitar possíveis armadilhas para as crianças dentro de casa, conforme cada ambiente doméstico:
Banheiro
Medicamentos: mantenha trancado o armário com medicamentos, vitaminas e demais produtos que ofereçam perigo de intoxicação;
Banheira: supervisione sempre as crianças no banho, para evitar afogamentos;
Vaso sanitário: mantenha a tampa fechada. Crianças pequenas podem se afogar com apenas 2,5 cm de água;
Utensílios: utensílios afiados e aparelhos como lâminas de barbear, tesouras e secadores de cabelo devem ser guardados longe do alcance de crianças.
Quarto
Brinquedos: evite brinquedos com pontas afiadas e que produzam sons muito altos. Priorize produtos com selo do Inmetro e que atendam a idade da criança;
Berço: brinquedos, travesseiros e lençóis dentro do berço podem causar sufocamento na criança. As grades do berço devem ter no máximo 5 cm entre elas;
Móveis: mantenha os móveis longe das janelas e cortinas e tome cuidado com quinas afiadas.
Cozinha e área de serviço
Fogão: use as bocas de trás e vire o cabo das panelas para o centro do fogão;
Fósforos e álcool: mantenha fósforos, isqueiros e álcool fora do alcance das crianças;
Facas e objetos cortantes: cuidado com objetos de vidro, cerâmica e facas;
Baldes e bacias: esvazie todos os baldes e embalagens e guarde-os virados para baixo e fora do alcance das crianças;
Produtos de limpeza e sacos plásticos: mantenha sacos plásticos longe das crianças.
Sala
Janelas e sacadas: instale grades ou rede de segurança;
Escadas: use portões de segurança no topo e no pé das escadas;
Tomadas: cubra as tomadas que não estão em uso e proteja os fios desencapados para evitar choques;
Móveis: tenha cuidado com quinas afiadas e mantenha os móveis longe de janelas e cortinas.
Quintal
Piscinas: devem ser protegidas com cercas de no mínimo 1,5 m que não possam ser escaladas e portões com cadeados ou trava de segurança que dificultem o acesso.
Fonte: ONG Criança Segura
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