Atropelamentos e acidentes envolvendo ônibus e pedestres ou ciclistas têm sido freqüentes em Curitiba. Entre janeiro e agosto, foram registradas 71 ocorrências que resultaram em mortos e feridos. Os acidentes se concentraram em três avenidas: Sete de Setembro, Marechal Floriano Peixoto e República Argentina todas com canaletas exclusivas para coletivos.
O último acidente ocorreu ontem de manhã, na Avenida Sete de Setembro, em frente ao Shopping Estação, no Centro, envolvendo uma mulher e um biarticulado. Segundo o Hospital Cajuru, a vítima não teve ferimentos graves e recebeu alta no fim da tarde. Na segunda-feira, o autônomo Ademar de Borba, de 58 anos, foi atropelado por um biarticulado na República Argentina, no bairro Água Verde, e morreu na hora.
Dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) indicam que os acidentes são causados em sua maioria pela pressa dos pedestres e pela imprudência dos ciclistas. Para o sargento Ronivaldo Brites Pires, do Departamento de Comunicação do BPTran, a falta de ciclovias leva muitos ciclistas a transitarem pelas canaletas exclusivas para os ônibus. Nos oito primeiros meses deste ano, foram 415 acidentes com bicicletas, 34 envolvendo ônibus 11 foram dentro das canaletas exclusivas para os biarticulados. As colisões com os veículos do transporte coletivo representam 8,19% do total de acidentes.
As avenidas onde ocorreram os dois últimos acidentes estão entre as mais perigosas para os pedestres em Curitiba. A Avenida Sete de Setembro é a campeão, com 16 atropelamentos entre janeiro e agosto. Em segundo lugar esta a Avenida Marechal Floriano Peixoto, onde 14 pessoas foram atropeladas. Na terceira posição vem a Avenida República Argentina, com 11 acidentes.
Outros casos
Em 11 de setembro deste ano, o ciclista Elivelton Ramos dos Santos, 14 anos, foi atropelado na canaleta paralela à Avenida Presidente Afonso Camargo, próximo ao Terminal do Capão da Imbuia. O adolescente pegou carona agarrado ao ônibus, acabou caindo e morreu.
Marta Mileski Pietszck, 64 anos, foi atropelada por um ônibus biarticulado na Avenida Sete de Setembro, no Centro, em 14 de junho. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu três horas após o acidente, no Hospital Evangélico. A mulher teria se desequilibrado e caiu debaixo do coletivo que passava no momento.
O motociclista Cristiano José Lopes dos Santos, 20 anos, morreu em 21 de maio. Ele bateu sua moto contra um biarticulado no cruzamento das Avenidas Visconde de Guarapuava e Marechal Floriano Peixoto, no Centro da capital.
Um biarticulado atingiu uma adolescente de 17 anos na esquina da Avenida Sete de Setembro com a Rua Lourenço Pinto, no Centro, em 13 de abril. Com a freada do ônibus, uma passageira de 51 anos caiu dentro do biarticulado e também teve ferimentos. Ambas foram encaminhadas para o Hospital Cajuru e se recuperaram.
Outro ciclista, Valdir Marques de Oliveira, 27 anos, foi atropelado em 29 de março. Ele circulava de forma irregular pela canaleta da Avenida Sete de Setembro, no Batel. A vítima foi levada em estado grave para o Hospital Evangélico. O ciclista tentou passar no meio de dois ônibus, mas acabou batendo de frente com o biarticulado. Após o acidente, vários outros ciclistas continuaram a transitar pela canaleta do transporte coletivo.
Cuidados
Ao se trafegar de bicicleta, o correto é usar as vias normais, seguindo o mesmo sentido dos veículos. Nas vias onde há canaleta são designadas faixas exclusivas para os veículos convencionais e que devem ser usadas também pelos ciclistas. O uso de capacete e joelheiras não é obrigatório. O BPTran, porém, recomenda a utilização dos equipamentos de segurança em qualquer percurso.
A imprudência também é uma das causas dos acidentes. De acordo com Pires, muitos ciclistas aproveitam que não são multados por atravessar o sinal vermelho. "Eles olham e acham que o veículo está longe e que dá para passar. Mas muitas vezes somos iludidos por nossa visão. Aí é que acontecem os acidentes", afirma.
O BPTran registrou entre janeiro e agosto 826 atropelamentos em Curitiba. Em 37 casos os pedestres foram atingidos por ônibus. De acordo com Pires, a maior incidência de atropelamentos se dá nas proximidades dos pontos de parada dos veículos de transporte público: "A pessoa não quer perde alguns segundo indo até a faixa de pedestres e se arrisca atravessando no meio da pista".
O pedestre também se coloca em risco no momento de atravessar nas faixas. Muitas pessoas se posicionam na calçada, mas muito próximas da rua. Os ônibus têm retrovisores grandes que podem atingir os pedestres ainda na calçada. A pessoa também pode se desequilibrar e cair na frente de um veículo. O recomendado é que o pedestre aguarde na calçada, pelo menos um passo antes do meio fio.
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