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Quando estipulou que iria implantar a Reserva Biológica das Araucárias, em áreas dos municípios de Ipiranga, Imbituva e Teixeira Soares, o Ministério do Meio Ambiente calculou mal o número de propriedades atingidas. E a proporção do erro foi de dez vezes. Não seriam mais 12 famílias e sim 120 que deveriam ser desalojadas, já que a modalidade de reserva biológica não aceita a presença humana. Isso sem contar as outras 400 famílias que dependem direta ou indiretamente das fábricas de erva-mate em Imbituva.

Os irmãos Camargo não conseguem nem imaginar o que fariam da vida se tivessem de deixar a terra onde sempre moraram. Luiz Antonio e Joroaldo, de 55 e 47 anos, têm um alqueire cada. E do pouco que têm restaria apenas a casa e a horta. É que a área da reserva passa ao lado, abocanhando o pedaço de chão que os Camargo preservam há quatro gerações. Não teriam como sobreviver sem ter onde plantar o milho, o feijão e o morango que hoje dão sustento para as famílias. "Vão ter que nos dar de comer", brinca Joroaldo, que não admite a idéia de morar na cidade. Eles fazem parte de um grupo de resistência que garante que não sai das terras nem com força policial.

Para evitar o piquete, duas ações judiciais contestam a criação da reserva. Com base em uma brecha legal, o sindicato da madeira e o sindicato rural alegam que o governo federal só pode criar uma unidade de conservação onde já existe outro tipo de área de proteção por força de lei (e não de decreto, como foi feito). No local existe uma Área de Proteção Ambiental (APA), instituída pelo município de Imbituva pouco antes da medida do governo federal e que permite a presença humana. O secretário municipal de Meio Ambiente, Julio Baskoski, assegura que o local está bem protegido, já que possui regulamento interno, conselho gestor formado pela comunidade e está em fase de preparação do plano de manejo. Ações que ainda não têm previsão para serem efetivadas na esfera federal.

Baskoski diz ainda que o processo adotado no município não exige investimentos públicos, como a destinação de recursos para desapropriações, e garante empregos. É que as ervateiras já atuam seguindo normas ambientais, até mesmo para poder exportar a erva-mate, num sistema de cultivo que fica à sombra de araucárias e bracatingas, integrado com a mata. (KB)

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