Os funcionários das empresas de ônibus de Curitiba e região metropolitana terão o salário reajustado apenas pelo índice da inflação, sem aumento real de 5%, como queriam os sindicatos trabalhistas. O acordo acertado na manhã de ontem evita a de­­flagração de uma greve, que chegou a ser cogitada pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transportes de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) e pelo Sindicato dos Empregados em Escritórios e Manutenção nas Empresas de Transporte Coletivo de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindees­mat). O reajuste foi ratificado pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Me­­tropolitana (Setransp) e pela Urbanização de Curitiba (Urbs), empresa que administra a Rede Integrada de Transporte (RIT).

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Os trabalhadores terão um reajuste de 4,5% nos salários, retroativo a fevereiro. O Índice Nacional de Preços ao Consu­midor (INPC) apontou uma inflação de 4,36% até janeiro deste ano. A pequena diferença de 0,14% é o aumento real, bem abai­xo dos 5% pretendidos na negociação. Com isso, o salário inicial de motoristas e cobradores passa, respectivamente, de R$ 1.180,80 para R$ 1.233,93 e de R$ 669,20 para R$ 699,31.

Os trabalhadores de empresas metropolitanas não integradas ao transporte de Curitiba (que não fazem parte da RIT) só terão o reajuste salarial pago a partir de maio. Eles terão o mesmo índice, mas houve um acordo diferenciado para a região metropolitana porque as empresas recebem pelo número de passageiros transportados e têm um risco maior do que as permissionárias de Curitiba ou as integradas à RIT, que recebem por quilômetro rodado, independentemente do número de passageiros.

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Atualmente, são cerca de 15 mil empregados nas empresas de ônibus de toda a região e o im­­pacto disso na planilha de cálculo da tarifa é de R$ 24 milhões por ano. Apesar de a Urbs acumular déficit de caixa desde o ano passado, por causa da queda de passageiros, não há previsão de que a passagem possa ser reajustada por causa do aumento de salário concedido nesta semana.

Licitação

Os dirigentes dos sindicatos trabalhistas e patronal salientaram que o acordo foi o possível, dadas as circunstâncias, já que o aumento de vencimentos se dá em meio ao processo de licitação das linhas de ônibus, a primeira da história do transporte público de Curitiba, que tem mais de 55 anos.

"Não foi o acordo dos sonhos", afirmou o presidente do Sin­dimoc e vereador em Curitiba De­­nílson Pires (DEM). Ele acredita, porém, que foi um bom acordo para os trabalhadores, por ter garantido a manutenção dos empregos mesmo que o processo de concorrência das linhas de ônibus traga novas empresas para a RIT. "Quem ganhar vai ter de assumir os trabalhadores com todos os direitos", disse.

O principal diferencial dos trabalhadores em ônibus de Curitiba é que eles têm um anuê­­nio de 2% sobre o salário e uma jornada de 36 horas semanais (6 horas diárias). "O momento é muito delicado, mas caminhou-se muito bem", resumiu o diretor do Setransp, Aírton Amaral. Mesma opinião do presidente do Sindeesmat, Elizeu Manuel Sezerino: "pela situação, foi positivo. A licitação atrapalhou para que conseguíssemos melhores salários."

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