O cumprimento do acordo que determinou frota mínima nas ruas de Curitiba nesta quarta-feira (13) aliviou para o lado dos passageiros. Tirando o longo tempo de espera, o deslocamento casa-trabalho teve mais viabilidade, visto que, no horário de pico matutino, ao menos 50% dos ônibus circularam. Segundo a Urbs, que gerencia o transporte coletivo na capital, a determinação também era levada à risca pelos motoristas e cobradores no fim da manhã (entrepico), quando 30% dos ônibus faziam o transporte na capital.
A expectativa, na verdade, não é que este porcentual mínimo seja mantido, mas sim que a quantidade de linhas em circulação aumente ao longo do dia, à medida que as empresas forem quitando as dívidas pendentes com motoristas e cobradores. O atraso no salário de dezembro foi o que motivou a categoria a cruzar os braços.
Nesta manhã, Urbs repassou R$ 3,5 milhões aos consórcios responsáveis pela operação do transporte coletivo de Curitiba. A transferência – resultado de uma audiência mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para pôr fim à paralisação – foi efetivada às 10h30. Logo depois, o sindicato que representa as empresas confirmou o recebimento do dinheiro pelos consórcios, e, por volta das 11h30, disse ainda que os valores já haviam sido encaminhados às empresas.
Duas das empresas inadimplentes já quitaram seus débitos, segundo o sindicato dos motoristas e cobradores (Sindimoc). A previsão é que boa parte das empresas quite os atrasados hoje, mas pode ser que algumas só o façam na quinta-feira (14).
Terminais mais movimentados
A manutenção de um porcentual mínimo de ônibus deu outra cara às ruas e aos terminais de Curitiba na manhã desta quarta. A informação de que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) iria acatar a decisão da Justiça e pôr ônibus nas ruas levou mais passageiros a estes pontos. Mesmo assim, funcionários que trabalham nestes locais disseram que a movimentação ainda estava abaixo do normal – reflexo do receio de encontrar plataformas lotadas e canaletas vazias, como foi nesta terça-feira, no 1º. dia da greve.
No terminal do Pinheirinho, consideráveis aglomerações se formavam a todo momento em plataformas como as do expresso Pinheirinho/ Rui Barbosa e da linha direta expressa (“ligeirão”) Pinheirinho/Carlos Gomes. Como eram menos veículos à disposição, o resultado era ônibus lotados em questão de segundos.
Robson Muniz, de 40 anos, que teve de tirar o carro da garagem nesta terça para ir ao trabalho, confiou na palavra do sindicato e decidiu pegar ônibus para o Centro de Curitiba. Para garantir um lugar no coletivo e a entrada no horário certo, decidiu chegar mais cedo ao terminal do Pinheirinho. “É pouco [ônibus], mas ainda bem que hoje tem”, disse.
Em outros terminais da região Sul, como Capão Raso e Portão, plataformas – principalmente do expresso Santa Cândida/Capão Raso – enchiam tão logo eram realizados desembarques das linhas chamadas ‘alimentadoras’. Às 7 horas, a Urbs relatava que 725 ônibus estavam nas ruas, ou 62% da frota esperada para o horário.
Na parte Norte de Curitiba, o terminal do Cabral ainda abrigava muitos passageiros pouco antes das 9 horas. Era gente que tentava embarcar nas linhas que levavam ao Centro da capital. Na região, duas estações-tubo sentido bairro (Bom Jesus e Moysés Marcontes), estavam sem cobrador.
Já no terminal do Santa Cândida, o fluxo de passageiros era bem menor, afirmou um guarda que trabalho no local. Segundo ele, perto das 9 horas a quantidade de ônibus começou a diminuir, como era o previsto. Neste momento, a A Urbs explicou que começava o processo de transição, para a diminuição da frota de ônibus em operação. De 50%, a frota passaria para 30%.
Piquete atrasa saída de ônibus da empresa Redentor
Apenas uma das onze empresas que operam o transporte coletivo de Curitiba teve dificuldade para liberar parte de seus ônibus logo cedo. Motoristas e cobradores da Viação Redentor tentaram impedir a saída dos ônibus para cumprimento da frota mínima. A ideia era só liberar quando os pagamentos fossem realizados.
Dino Cesar, vice-diretor do Sindimoc, estavam em frente à garagem da viação e disse que estes trabalhadores “ainda tinham dúvidas” sobre o pagamento prometido. “Ainda há uma grande indignação e revolta de todos”. Os veículos da Redentor começaram a ser liberados por volta das 6h30.